Alentejo em risco de ter de transferir bebés “com 700 gramas” para Lisboa

Alentejo em risco de ter de transferir bebés “com 700 gramas” para Lisboa

Proposta em discussão pública até final do mês implica fecho de unidade de cuidados intensivos neonatais de Évora. Crianças com uma simples apendicite podem também ter de ser operadas na capital.

 

Se a proposta da nova rede nacional de referenciação materna e da criança for para a frente tal como está definida, o Alentejo vai ficar sem unidade de cuidados intensivos neonatais em breve. Na prática, isto implicará que bebés prematuros com muito baixo peso, “com 700 ou 800 gramas”, tenham de ser transferidos de ambulância para Lisboa, quando o Hospital do Espírito Santo de Évora dispõe de recursos humanos e de equipamentos para dar resposta a estas crianças, contesta Hélder Ornelas, coordenador da unidade de neonatologia daquela unidade de saúde alentejana.

Até à data, a referenciação (encaminhamento) dos bebés nascidos com menos de 32 semanas é feita para Évora, que possui o título de hospital de apoio perinatal diferenciado, ou seja, trata recém-nascidos a partir das 24 semanas de gestação. De acordo com a proposta, todos os recém-nascidos com menos de 32 semanas de gestação deverão ser transferidos para Lisboa, sendo o Alentejo a “única região do país a ficar sem unidade de apoio perinatal diferenciado”, critica o médico, que, em conjunto com outros especialistas, está a tentar evitar que a nova rede seja aprovada nestes termos.

A proposta implica ainda que todas as crianças que necessitem de cuidados cirúrgicos, seja um freio da língua curto ou uma simples apendicite, passem a ter de ser transferidas para Lisboa para serem operadas. “Até agora temos dois cirurgiões pediátricos (um a tempo inteiro e outro a tempo parcial) que fazem intervenções, referenciando apenas os casos mais complexos para os hospitais centrais”, acentua.

A contestação dos especialistas locais foi entretanto acolhida por uma dezena de deputados do PSD, que já pediram esclarecimentos ao ministro da Saúde sobre esta matéria. Preocupados com a possibilidade de encerramento da unidade de Évora, os deputados querem saber se existe “algum fundamento para o encerramento” e para “a transferência de todas as crianças” que necessitem de cuidados cirúrgicos do Alentejo para Lisboa.

 

Fonte: Público, 15 de Junho 2016

15 de junho de 2016

Categorias

Categorias

Arquivo de Notícias

Arquivo