Hospitais omitem dinheiro que recebem de farmacêuticas

Hospitais omitem dinheiro que recebem de farmacêuticas

Plataforma da Transparência foi criada pelo ministério para combater corrupção. Indústria deu 160 milhões de euros, mas só 69 milhões foram declarados por quem os recebeu.

 

Entre 2013 e 2015, a indústria farmacêutica declarou ter dado patrocínios e apoios superiores a 447 mil euros ao Centro Hospitalar de São João (CHSJ), no Porto, para a realização de rastreios, cursos ou estudos observacionais. No entanto, na Plataforma Transparência e Publicidade, criada pelo Ministério da Saúde, o CHSJ não reportou ter recebido qualquer valor. Esta discrepância nos valores declarados estende- se a outros hospitais e administrações regionais de saúde (ARS) que receberam milhares de euros de farmacêuticas entre 2013 e os primeiros meses deste ano, mas que pouco ou nada declararam. O Infarmed, que gere a plataforma, afirma que já notificou centenas de entidades para que cumpram o seu dever. A indústria declarou na plataforma gastos de 160 milhões de euros, mas apenas 69 milhões foram declarados por quem os recebeu.

Entre os mais de 20 centros hospitalares que aparecem no portal, enquanto entidades recetoras de patrocínios, o de São João, no Porto, é aquele que, de acordo com o que foi declarado pela indústria, mais terá recebido entre 2013 e 2016. Já o Centro Hospitalar do Porto (CHP) recebeu quase 400 mil euros no referido período, tendo declarado apenas 1492 euros em 2014, relativos ao Congresso Europeu de Radiologia. O maior patrocínio foi dos Laboratórios Pfizer (72233 euros) para um projeto de investigação "da iniciativa do investigador". Contactada pelo DN, fonte do CHP garantiu que aquela unidade "declara tudo o que recebe". Relativamente às diferenças que surgem no portal, a mesma fonte explicou que "devem estar relacionadas com valores recebidos pelos médicos para irem a congressos".

Estas diferenças verificam-se na maioria dos centros hospitalares. E, no caso das ARS, o cenário não é muito diferente. São várias as entidades contribuintes, sobretudo laboratórios, e os valores referem-se a cursos, simpósios, honorários de investigadores, livros técnicos e formações. Mas à exceção da ARS do Algarve, que declarou ter recebido o mesmo valor que as entidades contribuintes disseram ter dado, todas as outras têm discrepâncias. Norte e Alentejo não declararam qualquer

valor, enquanto Lisboa e Vale do Tejo declarou apenas 1215 euros dos mais de 60 mil que recebeu.

 

Fonte: Diário de Notícias, 16 de Junho 2016

16 de junho de 2016

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