SOS Hepatites aceita que doentes com mais recursos paguem parte do tratamento em função dos respetivos rendimentos.
Estado português vai gastar 125 milhões de euros em dois anos com os tratamentos inovadores contra a hepatite C. Segundo uma nota explicativa inserida no Orçamento do Estado de 2016, foram gastos 40 milhões em 2015, estando prevista uma despesa de 85 milhões em 2016. Desde fevereiro do ano passado, aquando do acordo com a farmacêutica Gilead, dos 7840 doentes tratados, 3005 foram declarados curados. Apesar de os valores por doente nunca terem sido revelados, fontes contactadas pelo CM apontam para cerca de 15 mil euros cada.
Para alargar o número de doentes tratados, reduzindo os encargos do Estado com cada tratamento, Emília Rodrigues, presidente da SOS Hepatites, aceita que se introduza o copagamento em função dos rendimentos: "Quem tem mais não deve pagar na totalidade o tratamento, mas uma percentagem desse valor. Num futuro acordo, seria uma boa solução".
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, admitiu em março que o custo destes tratamentos contribuiu para um aumento de despesa, prevendo um défice de 179 milhões de euros na Saúde este ano. O ministro afirmou então que o acordo de dois anos com a Gilead – expira em fevereiro de 2017 – seria renegociado. Ao
CM, a tutela garante que "as negociações ainda estão a decorrer", remetendo "informação mais técnica" para o lnfarmed. Fonte oficial desta entidade diz ao CM que as negociações "ainda não começaram", embora acredite num melhor acordo face à concorrência de outros laboratórios. O CM questionou o MS sobre a possibilidade de os doentes com mais recursos pagarem parte do tratamentos, mas não obteve resposta.
Fonte: Correio da Manhã, 29 de Julho 2016