Mais casais “arriscam” ter o terceiro filho

Mais casais “arriscam” ter o terceiro filho

Até em Trás-os-Montes e no Alentejo estão a nascer mais crianças. Houve “um período em que as pessoas estavam quase bloqueadas pelo receio do futuro”.

 

Os números são inequívocos: pelo segundo ano consecutivo, estão a nascer mais bebés em todo o país, mesmo nas regiões envelhecidas e desertificadas de Trás-os Montes e Alentejo. Em meio ano, os hospitais públicos fizeram mais 1551 partos do que no primeiro semestre de 2015, um aumento de quase 5%. Os portugueses parecem estar a confiar mais no futuro e decidiram arriscar e ter filhos, após anos de adiamentos forçados pela crise, comentam vários profissionais de saúde e uma demógrafa ouvidos pelo PÚBLICO.

Depois de a natalidade ter “batido no fundo”, há mais casais a ponderar ter o segundo filho e alguns avançam mesmo para o terceiro, sublinham.

“Há alturas em que fazemos 25 partos por dia, o que há muito tempo não acontecia”, contabiliza, satisfeito, Caldas Afonso, director do Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN). “Depois de um período em que as pessoas estavam quase bloqueadas pelo receio do futuro, e mesmo que, na prática, a situação até possa não se ter alterado muito, em termos psicológicos mudou”, observa o pediatra que está à frente do CMIN, onde nos primeiros seis meses deste ano nasceram 1558 bebés.

Este é o segundo maior bloco de partos do país, logo a seguir à Maternidade Alfredo da Costa — MAC (que faz parte do Centro Hospitalar de Lisboa Central). Na MAC, que em meio ano viu nascer 1694 crianças, o acréscimo foi ligeiro, mas também já se verificava desde 2015. “As pessoas estiveram à espera que a crise passasse e, como esta não passou, mas queriam muito ter filhos, decidiram mesmo avançar”, teoriza Maria José Alves, directora do serviço de medicina materno-fetal da instituição.

Na Grande Lisboa, os dados da ACSS provam que também aumentaram os partos nos centros hospitalares de Lisboa Norte (Santa Maria) e Ocidental (S. Francisco Xavier), mas foi o Hospital Garcia de Orta (Almada) que registou o maior crescimento, quase 15% mais do que no primeiro semestre de 2015.

 

Fonte: Público, 8 de Agosto 2016

8 de agosto de 2016

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