O futurólogo alemão considera que dentro de poucas décadas não será preciso carta de condução, por exemplo, e nem sequer haverá necessidade de sermos proprietários do nosso carro, que teremos partilhado com outras pessoas.

A evolução tecnológica galopante determina que "o futuro não seja mais uma extensão do presente e a ficção científica vai transformar-se em factos científicos".

Gerd adverte, nestas circunstâncias, que será absolutamente necessário que a sociedade controle todo o processo de desenvolvimento, porque, neste momento, a questão "já não é saber o que a tecnologia pode fazer, mas apenas porquê e quem o fará".

O pensador alemão coloca também uma reserva essencial para os avanços: "Não devemos dar às máquinas a capacidade de melhorar as suas próprias capacidades". Leonhard concluiu apontando "a procura do balanço certo entre tecnologia e humanidade, como a missão crucial para o nosso futuro".

Alexandre Quintanilha, que comentou a conferência de Gerd, disse por sua vez que não estava tão optimista quanto à possibilidade de a sociedade poder controlar o desenvolvimento tecnológico e referiu-se às preocupações já assumidas por Martin Luther King sobre questões do avanço das tecnologias em discursos que têm meio século.

Por outro lado, o cientista português hesita quando pensa se os humanos terão uma perceção certa sobre a sua própria natureza e considera que "a sociedade está fascinada mas ao mesmo tempo com medo" da tecnologia.

Jorge Penedo, Vice-presidente do Conselho Regional do Sul, que moderou o debate que se seguiu à conferência, questionou Gerd Leonhard sobre os médicos e como podem as escolas médicas prepará-los para este futuro que se avizinha. O futurólogo advogou que "os médicos têm que se tornar especialistas de tecnologias sobre o corpo humano".

No pequeno  auditório da Ordem dos Médicos estiveram hoje (19 de abril, ao fim da tarde) mais de uma centena de pessoas para assistir à conferência e ao debate que se seguiu.