Crianças e jovens sem asma controlada custam 40 milhões em idas à urgência

Crianças e jovens sem asma controlada custam 40 milhões em idas à urgência

Asma é a doença crónica mais prevalecente em crianças e jovens portugueses. Absentismo escolar das crianças e absentismo laboral dos pais é três vezes maior nos casos em que a doença não está estabilizada.

 

Corridas para os serviços de urgência e para os centros de saúde que poderiam ser evitadas e sucessivos agravamentos de uma condição que é controlável na esmagadora maioria dos casos. É um problema de saúde que é, em simultâneo, um problema económico: em Portugal, gastam-se 40 milhões de euros por ano com urgências e atendimentos não programados devido a crises de asma em crianças e adolescentes com a doença não controlada. São dados de um projecto da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), realizado pelo Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, que dão uma ideia do impacto da asma não estabilizada na infância.

É a primeira vez que em Portugal são divulgadas estimativas dos custos associados à asma nas crianças e adolescentes e os números vão ser divulgados amanhã (3 de Maio), no dia mundial da doença. Metade das cerca de 175 mil crianças e jovens (até 17 anos) asmáticos não tem a doença sob controlo e este é o principal factor que agrava os custos, acentuam os investigadores do projecto Casca (Custo da Asma na Criança), que é financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e tem o apoio técnico do LabAIR do Instituto CUF Porto.

“O impacto económico médio por criança com asma não controlada é duas a três vezes superior ao de uma criança com a doença sob controlo”, explica João Fonseca, investigador do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis) e da FMUP, entidades responsáveis pelo projecto. Por cada criança nesta situação, são gastos entre 400 e 700 euros por ano só devido às idas aos serviços de urgência, especifica.

Baseadas nos dados dos estudos Impacto e Controlo da Asma e Rinite e do inquérito nacional sobre asma, as estimativas permitem concluir que, em geral, a doença é causa de mais de meio milhão de dias de faltas à escola. “São crianças que faltam à escola, não fazem actividades, não deixam dormir os pais”, enumera o especialista em imunoalergologia. Ao impacto financeiro juntam-se, assim, os custos sociais. “O absentismo escolar das crianças e o absentismo laboral dos pais ou outros cuidadores é, aproximadamente, três vezes maior nas crianças com asma cuja doença não esteja estabilizada. Em média, faltam à escola seis dias por ano”, acrescenta. Uma situação que poderia ser facilmente evitada, dado que “a asma pode ser controlada com terapêutica em 90% a 95% dos casos”, precisa.

 

Fonte: Público, 2 de Maio 2016

2 de maio de 2016

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