Dez anos depois, há uma revolução em curso nos cuidados paliativos

Dez anos depois, há uma revolução em curso nos cuidados paliativos

Pela primeira vez o Ministério da Saúde nomeou dirigentes especificamente para esta área. O futuro passa por consultas nos centros de saúde e visitas a lares de idosos.

 

"Mais do que aumentar o número de camas de cuidados paliativos, queremos levar os cuidados paliativos a todas as camas." Foi desta forma que Edna Gonçalves, médica do Hospital de S. João ontem nomeada presidente da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos, resumiu a "mudança de paradigma" que espera levar a cabo nos próximos anos.

Na sessão de tomada de posse no Ministério da Saúde, foram revelados planos concretos: a par do reforço das unidades de cuidados paliativos na rede de cuidados continuados - que completa dez anos - a ideia é oferecer este tipo de assistência que visa a gestão da dor (clínica e psicológica) logo no momento de diagnóstico de qualquer doença que potencialmente seja uma ameaça à vida. Ou seja, sem esperar por fases terminais, até aqui a lógica dominante.

Consultas externas de cuidados paliativos nos centros de saúde e nos hospitais mas também visitas regulares de equipas comunitárias a lares de idosos são algumas das novidades em vista e que a equipa vai aprofundar num piano estratégico que devem tornar público dentro de dois meses.

Uma abordagem de cuidados paliativos por todos os níveis de cuidados de saúde (primários, hospitalares e continuados), equidade no acesso por parte da população e acreditação e avaliação das equipas são algumas das linhas mestras da equipa que começa com uma realidade onde apenas 7% dos doentes com indicação para cuidados paliativos são efetivamente referenciados (conclusão divulgada esta semana pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde). Dois terços dos portugueses morrem nos hospitais, quando o desejo da maioria seria permanecer em casa. Edna Gonçalves considerou que o investimento aumenta não só a qualidade de vida mas pode até prolongá-la em alguns casos, diminuindo os efeitos de tratamentos agressivos desnecessários.

 

Fonte: jornal i, 16 de Junho 2016

16 de junho de 2016

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