Chefes de equipa da Estefânia pediram demissão

Chefes de equipa da Estefânia pediram demissão

O Bastonário da Ordem dos Médicos e o Presidente do Conselho Regional do Sul estiveram hoje (12 de dezembro) no Hospital D. Estefânia, onde reuniram com o coordenador e os chefes de equipa de urgência, para avaliar a situação da falta de especialistas, que se tornou “insustentável”, segundo os próprios médicos, e que os levou a apresentarem a demissão unânime, alegando falha no compromisso estabelecido com a instituição de melhorar a situação.

Pelo contrário, acontece que, desde maio – altura em que esse compromisso foi estabelecido –, mais especialistas saíram do hospital e se agravou a capacidade de contratar outos médicos para colmatar estas falhas.

Miguel Guimarães e Alexandre Valentim Lourenço, que no final da manhã se reuniram, no auditório, também com mais de seis dezenas de médicos deste hospital pediátrico, foram acompanhados pelo secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Paulo Roque da Cunha.

No final da reunião do início da manhã, com os chefes de equipa, onde estiveram também o diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC), Luís Nunes, e o diretor do Departamento de Mulher, Criança e Adolescente, Gonçalo Cordeiro Ferreira, o Bastonário disse aos jornalistas que “é absolutamente essencial a contratação de mais médicos”.

Por seu turno, o Presidente do Conselho Regional do Sul considerou que “os chefes de serviço de urgência estão demissionários porque “atingiram o limite”, lembrando que a falta de médicos no serviço “pode comprometer a qualidade e a segurança dos doentes”.

Miguel Guimarães apelou assim à ministra da Saúde para que resolva “a situação complicada” do hospital Dona Estefânia. Os chefes de equipa consideram que para voltar à normalidade seriam precisos no mínimo mais 12 especialistas.
O Bastonário revelou ainda aos jornalistas que os chefes de serviço já tinham feito vários alertas à administração, no sentido de ser “absolutamente essencial a contratação de mais médicos, sem que isso produzisse qualquer efeito. 
“Estes médicos pediram a demissão porque esta situação no serviço de urgência é muito complicada”, disse o Bastonário, apresentando como exemplo da falta de pessoal o facto de nem sequer os planos de contingência do hospital estejam a ser assegurados.
“A tutela sabe desta situação e não pode ignorar as necessidades deste hospital, que serve uma população pediátrica importante e ninguém do ministério falou com os clínicos demissionários”, acrescentou.
Alexandre Valentim Lourenço reforçou igualmente que os chefes de equipa já pediram à administração a contratação de 12 especialistas e esses pedidos já entraram na plataforma digital do Ministério da Saúde, mas sem sucesso.

O Presidente do Conselho Regional do Sul, que reclama a necessidade de mais meios financeiros para o SNS, recordou, de acordo com as informações fornecidas pelos médicos do Hospital de D. Estefânia, que só entre junho de 2107 e setembro de 2018 saíram 11 assistentes hospitalares, dos quais cinco era chefes de equipa.
Luís Nunes, diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, reiterou, por seu turno, que a demissão da equipa da urgência pediátrica “resulta das dificuldades sentidas, devido à falta de recurso humanos”, adiantando que já foi possível contratar cinco médicos, mas “o número é claramente insuficiente para o hospital”.
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, que disse ter estado presente para “dar apoio aos médicos” demissionários, aproveitou para dizer que o hospital pediátrico “atravessa uma situação gravíssima”.

 

 

12 de dezembro de 2018

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