Este e outros aspetos foram abordados na sessão de receção aos internos da Sub-região de Évora da Ordem dos Médicos, que decorreu no dia 25 de março, na Biblioteca Municipal de Montemor-o-Novo, com o apoio do município. A abertura da sessão contou mesmo com a presença do presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, Olímpio Galvão.
O presidente do Conselho Sub-regional de Évora da Ordem dos Médicos assinalou na sua intervenção inicial o facto de ser a primeira vez que a receção aos internos teve lugar fora de Évora e recordou que a opção por Montemor-o-Novo está relacionada com o património histórico e cultural do concelho, de onde João Cidade (S. João de Deus) é natural.
A figura histórica mais conhecida de Montemor está muito ligada à criação de um hospital em Granada e à dedicação aos pobres e doentes, que foi um exemplo e teve repercussão na criação da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, justamente na sua terra natal.
Fernando Almeida usou o exemplo de S. João de Deus para sensibilizar os jovens médicos presentes para as necessidades de cuidados médicos de que a população do Alentejo carece, no contexto de uma realidade social e económica que “não é brilhante”.
Contudo, sublinhou que o Alentejo “oferece qualidade de vida, oportunidades várias para usufruir da natureza nas suas mais variadas vertentes, possui uma gastronomia de excelência e o stresse só existe no imaginário”.
O presidente do Conselho Sub-regional de Évora da Ordem dos Médicos incentivou os novos internos a optarem por trabalhar na região, encarando “uma mudança que se reflita na qualidade de vida dos doentes, com a prestação de cuidados de saúde de qualidade e, simultaneamente, eles sentirem no médico um amigo a quem podem recorrer nos momentos de doença, desânimo e desespero”.
A sessão contou a seguir com uma palestra online de José Camargo, destacado médico e professor universitário brasileiro que foi pioneiro em transplante de pulmão no Brasil e da América Latina em 1989, sendo o primeiro a realizar transplante de pulmão com doadores vivos fora dos Estados Unidos, em 1999.
Na sua palestra – Desafio de ser médico na era da tecnologia – José Camargo abordou a importância do humanismo e da relação médico-doente na prática médica.
O encerramento da sessão coube ao presidente do Conselho Regional do Sul. Paulo Simões sublinhou que “talvez por enquanto” as palavras de José Camargo não dissessem muito aos jovens médicos, mas, estes, perceberá, daqui a uma década ou mais que são de extrema importância.
O momento que se vive com o reforço da tecnologia e da inteligência artificial na prática médica, conduz também a refletir sobre a vertente humana e, na verdade, disse, “nada substitui a relação com os nossos doentes e nada substitui a relação pessoal entre nós, médicos, e outros profissionais de saúde”. O dirigente considerou “essa a mensagem mais importante” e terminou com um conselho que costuma dar aos jovens médicos: “Para além de procurarem sempre ser bons profissionais, não se esqueçam de ser felizes”.
A sessão terminou com uma apresentação de Vera Leal Pessoa, dirigente do Conselho Sub-regional de Évora da OM, sobre o acesso à saúde no Alentejo Central.
A receção aos internos de Évora teve ainda um jantar convívio num restaurante da cidade.