Há quem considere o critério injusto, quando não ridículo, e quem lembre que não foi só o Reino Unido a adotá-lo. Entre os outros países europeus excluídos do corredor aéreo britânico, há quem tenha melhores indicadores do que Portugal, tanto nos números e taxas de infeções como de mortes. E quem esteja pior. Só não há ninguém que supere a Suécia… e o próprio Reino Unido.
A notícia da exclusão de Portugal dos corredores aéreos do Reino Unido continua a marcar a atualidade. Depois de inúmeras reações, esta segunda-feira António Costa voltou ao tema no final de um almoço em São Bento com o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez. Disse o primeiro-ministro português, dirigindo-se aos espanhóis, que “perante o nível de contágio existente, comparado com as diferentes regiões de Portugal, não há nenhuma razão para que não se sintam mais seguros em Portugal do que no Reino Unido”. E a verdade é que, olhando para o critério que exclui Portugal da ‘via verde’ concedida pelo Governo britânico, o primeiro-ministro não se enganou. Mas António Costa disse mais, insistindo na ideia de que, para avaliar um país, deviam ser tidos em conta “um conjunto muito diversificado de critérios e não um único”.
A ‘Green List’ do Governo de Boris Johnson (que pode ser vista aqui) indica que há 33 países europeus com a porta aberta aos aeroportos britânicos, sem necessidade de quarentena. E dois arquipélagos — esses mesmo, Madeira e Açores —, mas, apesar disso, os britânicos continuam a impor a estes viajantes provenientes dos arquipélagos uma quarentena no regresso ao país. Sobram 13 países excluídos e um deles chama-se Portugal. O critério é o número de novas infeções por cada 100 mil habitantes e tem por base a informação da Agência Europeia de Prevenção de Doenças (ECDC), que criou um mapa que pinta a amarelo claro os países onde esse número fica abaixo das 20 novas infeções, e a cores gradualmente mais escuras aqueles em que os resultados são piores.
Fonte: Expresso, 7 julho 2020