A sessão de abertura do 27º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos encerrou o conjunto de sessões do período da manhã, tendo contado com a presença e intervenções do Bastonário da OM, dos Presidentes dos Conselhos Regionais e de um membro do Conselho de Gestão da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Carlos Cortes, Bastonário da Ordem e Presidente do 27º CNOM, admitiu que a inteligência artificial (IA) “é um assunto que preocupa a OM”, nomeadamente ao nível do papel do médico nesta realidade. “Não quero que os médicos fiquem de fora desta grande transformação”, indicou.
Devido ao crescimento da IA na área da saúde, o dirigente apontou, ainda, a necessidade de uma reflexão acerca da relação médico-doente e do humanismo, que é a “peça fundamental da Medicina”, defendendo, neste sentido, que ao retirar estes fatores da profissão médica não sobra nada, “não é Medicina”. "O que está a ser discutido neste congresso não é a IA, é o nosso contributo, o nosso papel na Medicina e na relação médico-doente”, sublinhou Carlos Cortes.
Por seu turno, Paulo Simões, Presidente do Conselho Regional do Sul da OM e Presidente Executivo do congresso, explicou que a definição do programa do evento teve o objetivo de debater a interação entre a inteligência artificial e a Medicina, “na perspetiva do direito do trabalho, da educação e da regulação”. Assim, o dirigente espera que o congresso seja “um momento de partilha de conhecimento e de experiências”.
Já o Presidente do Conselho Regional do Centro, Manuel Teixeira Veríssimo, apontou a ciência e a arte como as duas partes que compõem a Medicina, defendendo a importância de “continuar a apostar na ciência”, mas sem “esquecer a parte da arte”, que referiu ser a relação entre o médico e o doente. Manifestou, ainda, o seu desejo de que a IA possa contribuir para uma melhoria dos cuidados de saúde prestados.
Por sua vez, o Presidente do Conselho Regional do Norte, Eurico Castro Alves, felicitou os colegas presentes e explicou que os médicos têm de se manter informados numa realidade cada vez mais caracterizada pela IA, “que vai mudar tudo no futuro”, pelo que considerou que a realização do congresso é importante nesse sentido, pois “dá a informação necessária”.
Ana Correia de Oliveira, membro do Conselho de Gestão da Direção Executiva do SNS, que abriu a sessão, além de abordar a IA como parte integrante do presente e futuro, apresentando uma “curva exponencialmente crescente”, apontou a existência de desafios associados a esta ferramenta. Neste sentido, foram referidos fatores ao nível da regulamentação, da prática ética, da formação dos profissionais e dos recursos disponíveis e necessários no SNS, para desenvolver toda a potencialidade da inteligência artificial.