O Médico em 2040

O Médico em 2040

O Conselho Regional do Sul promoveu um estudo prospetivo acerca do médico em 2040, levando jovens médicos a refletirem e a criarem diferentes cenários para a Medicina no futuro, cujos resultados foram apresentados no 27º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, no dia 23 de novembro.

Após a realização de workshops, em março e abril deste ano, que integraram o estudo desenvolvido, foram consolidados três cenários para a Medicina em 2040, intitulados de «Admirável Novo Médico», «Distopia das bananas» e «Tudo ou Nada».

Foram identificados vários fatores associados ao médico do futuro, nomeadamente a evolução tecnológica, da ciência e da própria Medicina, sendo que este profissional deverá apresentar uma ampla base de conhecimento e ter competências diversas, como é o caso da empatia, inteligência circunstancial, capacidade de comunicação e liderança de equipas multidisciplinares.

Na apresentação dos resultados do estudo foram, ainda, conhecidas oportunidades e iniciativas ao nível dos cuidados de saúde, do bem-estar dos médicos, da formação médica, da tecnologia e eficiência e da regulamentação.

Foi também realizado, posteriormente, um debate, moderado pela jornalista Cláudia Pinto, que contou com as intervenções de Maria João Mateus, Vogal do Conselho Regional do Sul, José Durão, Presidente do Conselho Nacional do Médico Interno (CNMI) da Ordem dos Médicos, Miguel Bigotte Vieira, Vice-Presidente da Sub-Região de Lisboa Cidade da OM, Dalila Veiga, através de vídeo conferência, Presidente da Sub-Região do Porto da OM, e o médico Diogo Conduto.

Maria João Mateus defendeu que “o caminho para o futuro” passa por “aprender a viver” com a presença da inteligência artificial (IA) “em qualquer área da Medicina”, mas alertou para a necessidade de adaptação e regulamentação desta realidade, “face ao avanço de dia para dia da tecnologia”. Além disso, sublinhou que “é fundamental” manter a relação médico-doente, visto que “a empatia e a compreensão do seu estado de fragilidade é o que as pessoas procuram”.

Por sua vez, José Durão mencionou que existe toda um conjunto de temas e desafios para 2040 e questionou se nessa altura será possível responder às necessidades em saúde, “mantendo a estabilidade da força de trabalho” do médico. O dirigente do CNMI explicou, ainda, que a IA é “indissociável da humanização e da relação médico-doente”, pelo que é necessário alcançar um equilíbrio “à medida que a inteligência artificial vai entrando no dia a dia”.

Miguel Bigotte Vieira abordou o papel do médico na evolução dos sistemas de saúde e, “pensando nos três cenários para 2040”, se for pretendido que o «Admirável Novo Médico» seja a realidade futura “é importante que os médicos se mantenham em lugares de decisão e que não seja esquecida a parte humana da Medicina”, apontou.

Segundo Dalila Veiga, deve existir literacia em saúde que deverá conduzir tanto os médicos como os utentes a uma adequada tomada de decisão, bem como é necessária uma maior valorização do papel do médico em 2040, porque “o seu papel é fundamental na decisão do bem-estar dos doentes”.

Já Diogo Conduto defendeu que “aprender a utilizar a IA é importante”, por se tratar de uma ferramenta que pode levar a uma melhor prestação de cuidados. Contudo, sublinhou a importância de a inteligência artificial funcionar apenas como uma ferramenta, nunca substituindo os médicos na sua atividade.

23 de novembro de 2024

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