O Presidente do Conselho Regional do Sul defende uma aposta firme na mudança, nalgumas matérias da responsabilidade da Ordem dos Médicos, mas adverte que essa mudança tem necessariamente de ser lenta, porque nada se faz de um dia para o outro.
Paulo Simões disse-o quando falava na sessão de receção aos internos da Sub-região do Oeste da OM, que decorreu no dia 26 de fevereiro, também com a presença do Bastonário, Carlos Cortes.
A sessão, no pequeno auditório da sede local da Ordem, abriu com uma intervenção do presidente do Conselho Sub-regional do Oeste, António Curado, que abordou genericamente o tema das carreiras médicas, com referências aos diferentes períodos e à legislação relacionada.
Seguiram-se intervenções de três médicos mais jovens. O primeiro deles, Alexandre Santos, relatou a sua experiência particular de ter feito a sua formação como interno na Finlândia e depois a sua inclusão no SNS em Portugal, para o que teve de obter a aprovação da Ordem para a sua especialidade.
Marlene Alves, médica de família, fez, por seu turno, uma apresentação sobre os cuidados de saúde primários e a situação na área do Oeste, onde igualmente trabalha. Já a experiência como jovem médico nos cuidados hospitalares coube a Felipe Damião.
No final destas três intervenções, Paulo Simões sublinhou a importância de cada uma das experiências e sublinhou as diferenças entre o que se passa na Finlândia – relatado por Alexandre Santos – e em Portugal, admitindo que “a nossa realidade é completamente diferente” e que “gostaria que no futuro as coisas fossem diferentes, na pré-graduação e na fase de pós-graduação o método não é o ideal”.
Para o presidente do CRS, essa circunstância “reflete-se em situações muito complicadas, como aquelas que a Ordem tem vivido nos últimos tempos, em que muitas vezes se verifica que o interno não está a ser bem tratado, nem está a receber a formação adequada, mas também não é possível automaticamente recolocá-lo noutra unidade até que as coisas se normalizem”.
Paulo Simões reconhece que são necessárias mudanças nesta área, mas que embora “a equipa que dirige a Ordem esteja a tentar mudar esse processo e muitas vezes haja aquela ansiedade que se reflete no dia a dia, não é possível fazer tudo de um dia para o outro”.
O Bastonário encerrou a sessão, abordando particularmente um aspeto grato aos médicos – a vocação. Antes, Carlos Cortes relembrou aos muitos internos presentes que na área da Saúde a região do Oeste “atravessa um período de muitas dificuldades”, mas afiançou que esta fase carrega “também desafios e oportunidades”.
“A Ordem dos Médicos tem esta região na sua agenda, estamos atentos, estamos preocupados e daremos toda a nossa colaboração para poder contribuir para uma melhor Saúde na região”, garantiu o Bastonário, manifestando a expetativa de que “esta nova geração saberá manter e continuar os valores e os princípios da medicina hipocrática”.
Para o apoiar na reflexão sobre a vocação, “sobre o humanismo e a responsabilidade, médica e cívica”, como afirmou, recorreu ao ChatGPT, que ia respondendo às diversas questões colocadas, com respostas que muitas vezes arrancaram o riso geral dos presentes.
Na sua intervenção, o Bastonário referiu-se também às carreiras, informando que “a Ordem dos Médicos está a desenvolver uma proposta para a carreira médica, uma nova carreira médica em Portugal, tão necessária”.
A receção aos internos da Sub-região Oeste da OM terminou com um jantar convívio num restaurante da cidade.