A forte necessidade de reforçar a prevenção de burnout nos médicos foi apontada por Mónica Fonseca, numa palestra sobre o tema que fez no âmbito das III Jornadas de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar Barreiro Montijo, no dia 26 de janeiro, último dia do evento.
A vice-presidente do Conselho Regional do Sul e membro do Gabinete Nacional de Apoio ao Médico da Ordem dos Médicos representou o Bastonário na ocasião e coube-lhe fazer a palestra sobre burnout, que fechou a edição deste ano das jornadas, que decorreram entre 24 e 26 de janeiro, no Fórum Cultural de Alcochete.
A moderadora da sessão, incluída no programa das jornadas cujo tema base foi «Saúde Mental – que futuro?», foi a psiquiatra Guida da Ponte, que é médica naquele Centro Hospitalar.
A dirigente, que é médica de família, baseou a sua intervenção num estudo nacional que a Ordem dos Médicos do Centro promoveu e cujos resultados foram conhecidos em 2016 e num inquérito de satisfação dos internos que o Conselho Nacional do Médico Interno (CNMI) publicou e divulgou em 2023.
Quer o estudo de burnout nos médicos, quer o inquérito do CNMI apontam para resultados preocupantes, com diferenças entre as especialidades, mas um traço comum de exaustão numa fatia significativa de médicos.
Para Mónica Fonseca, a situação exige medidas práticas. Desde logo “um reforço da prevenção”, o que exige medidas que tenham repercussão nas condições de trabalho, e “planear os recursos necessários após o estudo de diagnóstico”.
A dirigente recordou também que a Ordem dos Médicos tem em curso a criação de uma plataforma para apoio aos médicos, que servirá, “não só para dar respostas aos colegas, como também vai estudar, quantificar e caracterizar”. Esta medida visa apoiar os médicos, mas também a ajuda dos próprios médicos à Ordem para “combater este problema e não estar à espera das políticas” que sejam definidas para o efeito.
A Vice-presidente do Conselho Regional do Sul referiu-se também à situação nos centros de saúde, onde há uma espécie de “sistema de notificação, quer de burnout e de formas de violência”, mas que não tem resposta dos responsáveis administrativos ou políticos. “Há pessoas que ainda aguardam o contacto do órgão policial, do apoio e suporte psicológico e até na baixa médica foram prejudicados”, advertiu.
Em face disto, a Ordem dos Médicos decidiu avançar com o Gabinete Nacional de Apoio ao Médico, um projeto que, “para além da proteção do anonimato, que é muito importante”, o médico “vai ter o contacto de alguém que vai gerir o seu processo e vai ter o apoio jurídico”, com o objetivo de “diagnosticar melhor o problema e tratá-lo de forma mais eficaz”, explicou Mónica Fonseca.
A dirigente garantiu que “a resposta não é só notificar, mas vai ser mesmo tentar acompanhar todos os médicos que sejam vítimas de burnout ou de uma de violência”. Esta iniciativa está já em curso, com um capital de “esperança”. O objetivo da Ordem é “promover essa união entre os médicos e pressionar quem pode decidir e ajudar melhor do que nós”.
A palestra da Vice-presidente do CRS e membro do Gabinete Nacional de Apoio suscitou questões de vários entre os muitos médicos que marcaram presença no auditório do Fórum Cultural de Alcochete.