No Hospital de Vila Franca de Xira, as dificuldades do serviço de Urgência têm-se agravado, particularmente com o défice de internistas e de cirurgiões, para além do estado crítico que se vive na Ginecologia/Obstetrícia e na Pediatria. Há alguma esperança de recuperação, mas as ameaças mantêm-se.
O presidente do Conselho Regional do Sul, Paulo Simões, acompanhado pelo Presidente do Conselho Sub-regional de Portalegre, o cirurgião Hugo Capote, reuniram-se, no dia 15 de outubro, com a direção clínica e os responsáveis dos serviços mais sobrecarregados e os mais deficitários para avaliar as medidas que estão a ser preparadas para evitar o colapso e o encerramento da urgência nesta unidade hospitalar da Unidade Local de Saúde do Estuário do Tejo (ULSET).
Na reunião, o diretor clínico da ULSET, Sérgio Medina Rosário, apontou as dificuldades com que se debate o serviço e as medidas que estão a ser tomadas, designadamente a criação de uma equipa de urgência dedicada a pequenas cirurgias, que iriam retirar ao serviço de Cirurgia a sobrecarga com essas tarefas.
O responsável clínico, admitindo também que o sucesso será difícil de atingir na resposta da Obstetrícia/Ginecologia, reiterou também o que a Unidade Local de Saúde tem publicamente referido – a contratação de 4 novos especialistas para manter a urgência.
Ainda quanto à Urgência geral, Medina Rosário sublinhou que não seria possível manter a situação se não houver mudanças, sobretudo na Cirurgia e na Medicina, uma vez que os recursos são escassos e a tendência pode ser diminuírem se não houver captação de novos médicos, o que só pode ser feito apresentando projetos que os realizem.
Paulo Simões, que assinalou a importância que a resposta destes serviços e as suas capacidades formativas têm para a Ordem, garantiu que o empenho é em ajudar a encontrar uma solução, embora tenha referido que o caso da Ginecologia/Obstetrícia não tinha outra solução que não fosse a retirada da idoneidade a um serviço, que tem no quadro apenas um especialista.
O presidente do Conselho Regional do Sul admitiu que a criação de uma equipa especial para a pequena cirurgia na Urgência possa ser um passo positivo, mas não esqueceu que é premente a necessidade de contratar especialistas e reconheceu que não é fácil, até porque a regulamentação estatal também não ajuda.
A preparação de projetos que sejam aliciantes, particularmente para cirurgiões e internistas, também defendida por Hugo Capote, foi apontada por Paulo Simões como ponto essencial para uma estratégia de atração de médicos para um hospital que vive sob grande pressão da população e dos média.
De resto, Ana Azevedo, nefrologista e um dos elementos do grupo criado para encontrar soluções para a Urgência, também presente na reunião, contestou uma prática na atribuição de vagas anuais para especialistas. Segundo a médica, devia acabar-se com a atribuição de especialistas a serviços de hospitais centrais que os têm em número suficiente e às vezes até em excesso.
Esta medida, segundo a médica, poderia começar a resolver muitos dos problemas do défice de que os hospitais periféricos padecem.