Luís Campos Pinheiro, que presidiu a uma delegação da Ordem dos Médicos que se reuniu com a administração e os médicos da equipa de urgência do Hospital Fernando Fonseca (HFF), defendeu a necessidade de aprofundar o diálogo entre médicos e administradores e diretores, para ultrapassar a situação crítica do serviço na Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra.
A visita ao serviço de Urgência realizou-se no dia 25 de julho, depois de várias informações sobre défice na resposta aos utentes e de um conjunto de 19 médicos ter subscrito uma carta à administração em que se queixam da falta de condições e de deficiências graves no número de médicos das equipas.
A delegação da OM Sul, que, para além de Luís Campos Pinheiro, incluiu ainda João Dias Ferreira e Maria Guilhermina Pereira, vogais do Conselho Regional do Sul, reuniu-se com a administração, a direção clínica e o diretor da Urgência e a seguir com os médicos do serviço, que manifestaram as preocupações que tinham já referido na carta.
Nessas reuniões, Luís Campos Pinheiro sublinhou que, para além de outros problemas, haveria “um problema de comunicação” entre os profissionais e administração e avisou que o alerta feito pelos médicos não pode ser desvalorizado. De resto, voltou a sublinhar esse aspeto em declarações que prestou aos jornalistas no final da visita.
Para o dirigente, a equipa da Urgência geral do Hospital Amadora-Sintra está “muito sobrecarregada” e deve ser tratada com “muita cautela”, sob pena dos especialistas deixarem de trabalhar na unidade, um risco que foi agravado com a entrada em funcionamento da urgência básica do novo Hospital de Sintra, que exigiu a mobilidade de médicos para dar resposta à urgência básica que ali começou a funcionar, justamente numa estratégia de aliviar o serviço no amador-Sintra.
Luís Campos Pinheiro, tesoureiro do CRS, referiu igualmente que o alerta que traduz a carta dos médicos “não pode ser ignorado”, o que tinha já antes dito também ao Conselho de Administração. “Tem de falar com os médicos, tem de ouvir os médicos e, sobretudo, ser aconselhado pelos médicos”, defendeu nas declarações aos jornalistas.
Segundo o dirigente, o diálogo foi tentado, mas, do que foi apurado de ambas as partes, “não está a ser conseguido”, estando a OM disponível para ajudar de “uma forma construtiva” para que esse diálogo exista e “se possam prestar melhores condições de trabalho aos médicos e, sobretudo, melhores condições para os doentes”.
Na verdade, a Ordem dos Médicos reconhece que há tentativas do Conselho de Administração de resolver este problema com uma estratégia, mas que essa estratégia “não está a chegar aos médicos”, de acordo com as declarações proferidas pelo dirigente. Luís Campos Pinheiro explicou que a estratégia passa por retirar os doentes não urgentes do Hospital Amadora-Sintra para o novo Hospital de Sintra, e, sobretudo, os doentes internados em Serviço de Observação (SO), “um grupo muito grande e muito pesado”.
É também intenção da ULS fazer um Centro de Responsabilidade Integrada de urgência, que deverá estar pronto em outubro, o qual permitirá ter formas de pagamento mais atrativas e, dessa forma, contratar mais médicos. Luís Campos Pinheiro relatou que os médicos com quem falou “foram unânimes” a dizer que gostam de trabalhar na urgência, onde se sentem realizados e onde permanecem “por esse sentimento de realização e de ajuda aos doentes”.
Por outro lado, há médicos muito preocupados porque “estão a acontecer medidas que não lhes foram transmitidas ou que pensavam que não iriam acontecer”. “Estão a acontecer subitamente sem aviso prévio, como mudança de horários, como mudança do local de trabalho e isso a Ordem não concorda e a Ordem não aceita”, vincou, salientando que a OM transmitiu à administração que “tem que haver um diálogo, mas é um diálogo profícuo com os médicos”.
Luís Campos Pinheiro avisou que “não se pode estar a trabalhar contra médicos que são altamente profissionalizados, altamente competentes e cujas medidas, por vezes, elas próprias, disturbam o trabalho médico e o trabalho da urgência”.