Na Ortopedia do Hospital de Évora vivem-se dias difíceis com a saída recente de especialistas, que agravou a situação do serviço e gerou instabilidade na equipa. O Bastonário, o Presidente do Conselho Regional do Sul e o Presidente do Conselho Sub-regional de Évora da Ordem dos Médicos reuniram-se, no dia 23 de outubro, com a direção clínica, a administração e a direção de serviço com o objetivo de encontrar soluções.
Na reunião com a direção clínica e a direção de serviço, Paulo Simões, Presidente do CRS, explicou que a visita fora desencadeada por uma carta de médicos internos que chegou à Ordem com diversas queixas sobre o funcionamento do serviço e as escalas de urgência e um pedido expresso do Conselho Nacional do Internato Médico para que a situação fosse averiguada.
Na denúncia começa por se dizer que há uma “degradação dos cuidados prestados aos doentes e o declínio abrupto da qualidade da formação ministrada aos internos do serviço, de particular relevo nos últimos três meses, coincidente com a saída de três especialistas do Serviço”.
Na reunião, o diretor de serviço confirmou que as saídas se deveram a discordâncias com a liderança do serviço e, embora tenham causado dificuldades, garantiu que não havia qualquer falha nos cuidados prestados.
No caso de outros problemas apontados na carta, como o excesso de carga horária em serviço de urgência, o diretor de serviço apresentou as escalas mais recentes, que, segundo ele próprio, desmentem as acusações de carga horária e de sobreposições nos diferentes serviços.
Os internos signatários da carta, no final, pedem que “a situação seja analisada de forma célere, para que “nenhum dos visados seja prejudicado”, considerando que “todos estes fatores associados são, claramente, prejudiciais para os doentes” e para os médicos que estão em formação.
Paulo Simões indicou essas como razões suficientes para agir rapidamente, mas sublinhou que o Conselho Regional do Sul o faz sempre que recebe queixas a que dá crédito e exigem que haja uma normalização dos serviços, quer nas questões regulamentares quer no que diz respeito à relação entre os profissionais.
Carlos Cortes, perante as diferentes versões da situação no serviço, procurou inteirar-se sobre quais as verdadeiras razões para a instabilidade que se vive e “qual a natureza dos problemas”, para que fosse possível encontrar alguma solução rápida.
Numa reunião a seguir, com a administração do Hospital, o Bastonário manifestou também o propósito de contribuir para resolução dos problemas, mas referiu que a falta de especialistas, em Ortopedia ou noutra especialidade, se iria agudizar ainda em todo o Serviço Nacional de Saúde.
O presidente do conselho de administração, Vítor Fialho, e a diretora clínica, Maria Luísa Rebocho, relataram as dificuldades com que se debatem para contratar médicos, quer na área hospitalar quer nos cuidados de saúde primários, e no que isso significa para as escalas de urgência e para a resposta que a Unidade Local de Saúde tem de dar aos seus utentes.
Contudo, no Hospital de Évora, até hoje, referem, nunca se fechou uma urgência, seja a geral ou a de obstetrícia, e recebem inclusivamente grávidas em situações de risco, que chegam de hospitais da área metropolitana de Lisboa.
Carlos Cortes, Paulo Simões e Fernando Almeida fizeram a seguir uma visita ao serviço de urgência geral, ao de Pediatria e ao de Ginecologia/Obstetrícia, onde o problema principal é o número escasso de especialistas.
De resto, os responsáveis do hospital associaram os problemas de respostas cirúrgica, por exemplo, também sempre ao número de anestesiologistas, que condiciona naturalmente toda a atividade cirúrgica.