40% dos utentes em tratamento contra vícios têm sucesso

40% dos utentes em tratamento contra vícios têm sucesso

Resultados são positivos, segundo responsável do serviço de intervenção. Um ano depois de começarem o tratamento, 75% a 80% continuam sem consumir.

 

Entre 36% e 40% dos utentes de comunidades terapêuticas conseguem terminar o tratamento e têm alta clinica, revelou à Lusa o subdiretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), considerando que são dados positivos.

Dos utentes que aguentam todo o tempo de tratamento, "75% a 80%, um ano depois, ainda continuam sem consumir", indicou Manuel Cardoso, considerando que "são resultados muito bons comparados com o que acontece nas outras comunidades em termos mundiais". "Estes doentes têm muita dificuldade em cumprir um ano de tratamento", afirmou Manuel Cardoso, argumentando que estão em causa patologias crónicas com características reincidentes e o que se pretende é que "o doente tenha momentos de paragem tão longos quanto possível".

Os próprios utentes têm consciência de que estão "presos" a uma doença crónica e querem voltar a ter uma vida saudável e deixar de ser ovelhas negras" da sociedade. Daniela, de 35 anos, é um desses casos. Combate a adição dos últimos dois anos ao álcool. "O desgoverno foi total a todos os níveis: financeiro, social, familiar e, essencialmente, para com a minha filha." Com medo de ficar sem a guarda da filha, decidiu ser tratada.

Os internamentos em comunidades terapêuticas podem ser comparticipados pelo Estado, através das administrações regionais de saúde (ARS), em 80% do valor do tratamento, que varia de 800 a mil euros mensais. A comparticipação é de "acesso automático, não tem nada a ver com os recursos das famílias", explicou o responsável do SICAD, declarando que as ARS investem cerca de dez milhões de euros por ano.

Atualmente, existem em Portugal mais de 60 comunidades, disponibilizando mais de 2000 camas. Destas, cerca de 1500 estão convencionadas, pelo que "conseguem responder absolutamente à atual procura". De acordo com o responsável do SICAD, "a taxa de ocupação tem vindo a baixar", devido à redução do número de toxicodependentes. Para além do tratamento de drogas, as comunidades tratam hoje dependências de álcool, jogo, sexo e perturbações do comportamento alimentar.

 

Fonte: Diário de Notícias, 12 de Setembro 2016

12 de setembro de 2016

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