Alarme soa na UCI de Pediatria do Algarve

Alarme soa na UCI de Pediatria do Algarve

Dos doze especialistas que formam o quadro atual do serviço, cinco estão impedidos de dar o seu contributo, dois por razões de saúde e três por estarem de licença de parto ou de gravidez avançada, mas a Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) nada tem feito para resolver a situação.

O Presidente do Conselho Regional do Sul (CRS), Alexandre Valentim Lourenço, que se deslocou à unidade hospitalar do sul do país para visitar o serviço – acompanhado pelo Presidente do Conselho Sub-regional de Faro, Ulisses Brito – e avaliar com os médicos as possibilidades de solução, manifestou a sua preocupação por não ver “no quadro atual de contratação” alguma possibilidade de resolver o problema sem ser com o sacrifício dos profissionais e responsabilizou o Ministério da Saúde por isso.

Na reunião, na presença do diretor clínico do CHUA, o dirigente disse aos colegas que “só abrindo uma exceção no regime de contratação” será possível evitar “uma situação dramática”, termos que são referidos numa carta que os médicos do serviço enviaram ao Conselho de Administração e à Ordem dos Médicos.

Na missiva, advertem que se sentem cansados e sem condições para garantir a qualidade dos serviços prestados a bebés recém-nascidos e prematuros, considerando que o Serviço de Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal vive “uma situação dramática” em que os médicos estão a trabalhar “num estado de exaustão, transgredindo os limites de segurança e boas práticas clínicas”.

No final da reunião, Alexandre Valentim Lourenço explicou, em declarações à TSF, que o problema se passa numa Unidade de Neonatologia que recebe bebés de todo o Algarve. “Estamos a falar de crianças e bebés em situação crítica, são unidades que salvam vidas de crianças", sublinhou.

A Ordem dos Médicos pretende que se encontrem soluções de longo prazo para que os médicos não continuem a trabalhar “à custa de sacrifícios individuais", mas até agora a administração não tem dado qualquer resposta positiva.

O Presidente do Conselho Regional do Sul recordou que, para além do serviço normal, estes médicos têm de manter as urgências e o transporte de bebés recém-nascidos e muitas vezes prematuros.

A agravar toda a situação, está a falta de recursos humanos no Hospital de Portimão, que leva a encerrar a urgência de pediatria em vários dias da semana. "O Hospital de Faro não tem capacidade para o seu fluxo normal quanto mais para Portimão e para os meses de férias", lamentou.

Alexandre Valentim Lourenço disse aos médicos, na reunião, que só um modelo de contratação excecional pode ser a solução imediata. Por seu turno, o diretor do serviço afirmou que, para já, será urgente uma redução do número de vagas, de forma a que os sete especialistas possam dar resposta ao serviço e a todas as tarefas necessárias.

Entre as soluções apontadas pelo Presidente do CRS contam-se o pagamento a médicos do próprio serviço ao nível do que é pago às empresas externas, uma vez que “no mínimo, é imoral” ter médicos especialistas a receber menos de um terço do que recebe um médico que vem de outra unidade de saúde.

O dirigente advertiu que a situação atual já acarreta muitos riscos e que os médicos “estão no limite” em muitas das unidades hospitalares do país.

30 de julho de 2019

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