A Alemanha disse hoje que está pronta para apoiar um processo judicial contra a AstraZeneca, pela falha na distribuição de doses da sua vacina contra a covid-19 na UE, mas considera prioritário garantir essas entregas."Precisamos de esclarecer as questões legais e as questões de danos e responsabilidade. Mas estas ainda não são uma prioridade para mim, nesta fase da pandemia", disse o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, explicando que a prioridade é garantir as vacinas “em cooperação” com outros países europeus.Na quinta-feira, a Comissão Europeia (CE) anunciou que tenciona apresentar uma ação legal contra a farmacêutica responsável pelas vacinas da AstraZeneca, cujas entregas estão a ser realizadas a um ritmo substancialmente inferior ao inicialmente previsto.Até hoje, a AstraZeneca entregou apenas 30 milhões de doses das 120 milhões contratualizadas e, no segundo trimestre, espera entregar apenas 70 milhões das 180 milhões inicialmente previstas.Perante este cenário, a Comissão Europeia considera que a farmacêutica não respeitou as obrigações do contrato assinado com a União Europeia (UE), tendo já informado os governos dos 27 países membros das suas intenções."A parte contratante é a União Europeia. Se a Comissão decidir entrar com uma ação legal, então sim”, disse Spahn, referindo-se à posição da Alemanha relativamente a este processo, mas insistindo que “o mais importante neste momento é receber essas vacinas”.Os atrasos na entrega das vacinas da AstraZeneca criaram atritos entre a UE e o Reino Unido, assim como entre a CE e o laboratório.O uso da vacina da AstraZeneca foi restringido na maioria dos países da UE devido a casos raros de trombose relacionados com a sua aplicação, sendo as suas doses administradas apenas a pessoas com mais de 50, 55 ou 60 anos, em muitos países.Na Alemanha, esta vacina estaria disponível apenas para pessoas com mais de 60 anos de idade, mas algumas regiões - incluindo Saxónia, Baviera e Berlim - decidiram não seguir essa decisão e aceitar a sua administração sem restrição de idade, sublinhando que as suas vantagens superam os riscos.
Agência Lusa, 23 abril 21