Aumento de utentes por médico de família

Aumento de utentes por médico de família

O Ministério da Saúde (MS) quer que os médicos de família passem a ter uma lista de 2100 utentes, uma proposta que não vem acompanhada de qualquer suplemento remuneratório e que supera o anterior, que tinha como limite os 1890.

Os médicos consideram o princípio "tecnicamente sem sentido e inviável com uma carga de 40 horas semanais". Já o Bastonário da Ordem dos Médicos fala em "insensibilidade para o exercício da medicina e falta de humanidade".

Ao que o DN apurou, as novas propostas avançadas na última reunião com os sindicatos são globalmente inferiores, em particular no caso da medicina geral e familiar. E o MS já recebeu, após a reunião, um documento dos sindicatos a elencar princípios que devem ser respeitados na formulação da próxima proposta. Um deles é precisamente o estabelecimento de um limite máximo de 2082 unidades ponderadas, ou seja, cerca de 1900 utentes tendo em conta as suas patologias e idades. Contactado pelo DN o MS reiterou que não iria reagir até ao fim das negociações.

Na última reunião, foi proposto um incremento até aos 1890 utentes sem qualquer pagamento adicional. Os sindicatos propuseram que o aumento fosse de 1550 para os 1750 utentes com o acréscimo de cinco horas na carga horária (para 40). Acima disso, e até aos 1890 utentes teria de ser pago um incentivo de 700 euros.

Não foi o caso. Não só não houve uma proposta de suplemento como se propõe que os médicos atendam mais 550 utentes do que é habitual, já que a Organização Mundial de Saúde preconiza uma lista de 1550 por médico, até um máximo de 1900.

O Bastonário José Manuel Silva disse ao DN que estava "profundamente perplexo e convicto de que serão os próprios utentes a rejeitar esta proposta. Este é mais um sinal de que o MS não tem sensibilidade para lidar com os doentes e com a exaustão dos médicos. Os cuidados primários são a porta de entrada no sistema e é preciso tempo para ouvir e compreender os problemas dos doentes". Teme que o SNS se torne numa "fábrica e que os médicos só se dediquem a passar receitas. Se bastassem medidas administrativas os problemas do país estavam resolvidos".

 

Fonte: Diário de Notícias 11 SET 2012

11 de setembro de 2012

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