Portugal deve considerar os resultados de vários estudos científicos feitos no Reino Unido que apontam para a vulnerabilidade acrescida à covid-19 de pessoas com um histórico genético africano, defendeu um investigador português a trabalhar em Londres. “Em Portugal existem tantas pessoas oriundas de Angola, Cabo Verde ou Moçambique. Estas pessoas têm de saber”, disse hoje à agência Lusa Rui Providência, Consultor de Cardiologia no St. Bartholomew's Hospital e professor na universidade University College of London (UCL). O investigador avisa que o risco é muito superior ao que foi identificado em estudos iniciais, mesmo para pessoas de uma faixa etária de entre 30 e 50 anos, que é considerada de baixo risco para o vírus. “Se calhar vão ter de ter mais cuidado e os seus empregadores vão ter de as proteger muito mais”, defendeu. Rui Providência é um dos autores de um artigo científico que dá conta de um estudo realizado entre fevereiro e abril com base numa amostra de 620 pacientes de diferentes hospitais de Londres infetados com covid-19 e compostos em proporção semelhante por indivíduos de etnia caucasiana, de origem africana ou das Caraíbas e de origem asiática, nomeadamente indianos e chineses. A conclusão é que existe uma mortalidade maior nos asiáticos e africanos, mesmo corrigidas as diferenças nas populações, como idade e fatores de risco cardiovasculares.
Fonte: Agência Lusa, 17 Maio 2020