Críticas ao discurso político sobre CSP

Críticas ao discurso político sobre CSP

O presidente do Conselho Regional do Sul criticou, na sessão de encerramento das Jornadas Médicas das Ilhas da Macaronésia, o uso que os políticos fazem dos Cuidados de Saúde Primários em tempos de fazer promessas.
No seu discurso, Jaime Teixeira Mendes considerou que “os CSP são sempre invocados como a mais adequada porta de entrada dos utentes no serviço Nacional de Saúde, preenchem páginas e horas do discurso político oficial, mas acabam invariavelmente à espera de melhores dias”.
“Não há um médico que não se recorde das invocações ministeriais sobre Cuidados de Saúde Primários. Nos anos mais recentes foram centenas de vezes, foram dezenas de promessas, mas aqui, na Madeira, ou no Continente o cenário tende sempre a agravar-se e não a melhorar”, criticou o presidente do Conselho Regional do Sul.

As Jornadas Médicas das Ilhas da Macaronésia decorreram a 9 e 10 de Outubro, no Funchal, numa organização conjunta do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos e do Conselho Médico da Região Autónoma da Madeira e terão a próxima edição nos Açores em 2016. O bastonário da Ordem dos Médicos de Cabo Verde foi um dos participantes no encontro.

 

Proximidade entre profissionais hospitalares e de CSP precisa-se na Madeira


A médica de família Dalila Perneta, que trabalha no Centro de Saúde de Machico, defende melhorias no modelo de referenciação na Região Autónoma da Madeira, com a introdução de medidas como a “referenciação de situações urgentes directamente da consulta do centro de saúde para a urgência hospitalar”, o contacto telefónico entre os médicos dos CS e os hospitalares ou a “criação de protocolos de referenciação com timings definidos”.
Para Dalila Perneta, que participou na mesa «Referenciação – Pensar o Futuro» das Jornadas Médicas das Ilhas da Macaronésia (hoje, dia 10 de Outubro), há vários aspectos que podem ser melhorados, entre os quais uma “maior colaboração entre especialistas hospitalares e os cuidados de saúde primários, sob a forma de consultoria técnica, capacitando os cuidados de saúde primários e evitando o recurso de alguns doentes ao hospital”.
Em síntese, uma “melhor comunicação entre profissionais de saúde, com melhoria da qualidade e menor probabilidade de erro”, seria muito vantajoso para a qualidade da referenciação.

 

 

Médicos de família açorianos deviam ter programa de formação especial

A directora do serviço de urgência do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada defende a criação de um programa de formação específica de Medicina Geral e Familiar adaptado à realidade especial dos Açores.
Esta medida deveria incluir, segundo Gracinda Brasil, “estágios obrigatórios, remunerados e vinculativos, de longa duração, num hospital regional de referência aos colegas que exerçam Medicina nas ilhas sem hospital”.
Na verdade, esta médica considera haver uma “disparidade entre o Programa de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar e as competências a adquirir para o exercício da Medicina nas ilhas sem hospital” e a verdade é que esse contexto merece um esforço de adaptação à realidade.
A melhoria da qualidade assistencial na Região Autónoma só será atingida, de acordo com Gracinda Brasil, “optimizando recursos humanos”, “metodologia de referenciação de doentes”, e “o recurso à tecnologia”.

 

 

Unidades de saúde familiar na Madeira. Há quem acredite e quem desconfie

“Vamos ter unidades de saúde familiar na Madeira e nos Açores porque vocês querem e nós todos queremos e quando vocês querem e todos queremos tudo se consegue mesmo contra a vontade de quem manda”.
Quem o disse foi Bernardo Vilas Boas, presidente da Unidades de Saúde Familiar – Associação Nacional (USF-AN), na sua intervenção nas Jornadas Médicas da Macaronésia (hoje, dia 10 de Outubro).
O dirigente, umas das mais destacadas figuras que ao longo dos anos se têm batido pela afirmação das USF, referia-se ao facto de não haver estas unidades nas Regiões Autónomas. “Confiemos e lutemos por isso”, disse Bernardo Vilas Boas, dirigindo-se aos médicos presentes.
Porém, a afirmação das USF, designadamente na Madeira, pode não ser uma realidade de fácil concretização. Uma das médicas presentes, Dolores Quintal (membro do Colégio da Especialidade de MGF da Ordem dos Médicos), disse numa intervenção a partir da assistência: “Vim para ouvir os prós e os contras das USF e das Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados, mas não comprei o vosso projecto”.

 

 

Problemas com o número de médicos em formação na Madeira

O número crescente de médicos internos é um dos problemas mais pertinentes do Internato de Medicina Geral e Familiar na Região Autónoma da Madeira, segundo o interno da especialidade Paulo Vieira, que interveio hoje (dia 10 de Outubro), nas Jornadas Médicas das Ilhas da Macaronésia, cujo tema geral é «Cuidados de Saúde Primários Que futuro?».
Para este jovem médico, juntam-se a essa condicionante “a dificuldade em frequentar eventos científicos fora da Região” e “a complexidade na realização de eventos científicos” na Madeira.
O número crescente de médicos em internato de MGF resulta num “maior número de médicos internos por orientador”, na formação em áreas geográficas mais periféricas”, na “sobrelotação de médicos internos nos diferentes estágios”, em “estágios hospitalares mais curtos” e “infraestruturas deficitárias”.

 

 

A insularidade é um aspecto negativo para os internos de MGF dos Açores, que apesar disso estão satisfeitos com esta fase da sua formação.
Mais de 70 por cento (72,7) dos internos de Medicina Geral e Familiar dos Açores que responderam a um inquérito sobre a qualidade da sua formação consideram que a insularidade é um aspecto negativo para a formação, mas a maioria revela satisfação com o internato na Região.
O «Inquérito sobre Internato Médico de MGF na Região Autónoma dos Açores» foi realizado pela interna Filipa Rebelo, que apresentou os resultados hoje (10 de Outubro), no segundo dia dos trabalhos da Jornadas Médicas das Ilhas da Macaronésia.
Este estudo incluiu, de partida, 31 uma questões enviadas por email a todos os internos de MGF da Região Autónoma dos Açores e teve uma taxa de resposta da ordem dos 70 por cento.
Estes internos, na sua maioria, estão satisfeitos com as condições do seu internato nos Açores, referindo 78,8 por cento dos inquiridos que recomendariam a outro colega fazer o internato na Região.

 

 

Discussão sobre a sustentabilidade do SNS é ideológica e não económica


O bastonário da Ordem dos Médicos considera que “a discussão sobre a sustentabilidade do SNS é ideológica e não económica” e o que está em causa é “a sustentabilidade do modelo de governação do país”.
José Manuel Silva interveio, no primeiro dia dos trabalhos (dia 9 de Outubro), nas Jornadas Médicas das Ilhas da Macaronésia, e reforçou a posição crítica que tem adoptado em relação aos que defendem que o SNS não é sustentável para a economia do país. Considerou nesse contexto que se “corta no SNS para compensar” os gastos despesistas que se fazem em outras áreas da governação. Nesse rol elencou os “swaps tóxicos nas empresas públicas”, as “rendas excessivas no sector energético e défice tarifário”, os “contratos milionários das PPP rodoviárias”, que do seu ponto de vista “devem ser nacionalizadas”, as “centenas de milhões anuais em pareceres jurídicos pedidos aos escritórios privados”, as “inumeráveis mordomias dos cargos públicos e políticos” o “uso das empresas públicas para financiamento e emprego partidário” ou a “ausência de efectivo combate ao nepotismo e corrupção”. Neste caso acrescentou: “Só na Saúde há presos!”.

 

 

121 médicos de família para quase 300 mil inscritos

 

A presidente do Conselho Médico da Região Autónoma da Madeira disse, nas Jornadas Médicas das Ilhas da Macaronésia, que há apenas 121 médicos de família para quase 300 inscritos nos centros de saúde, o que significa uma percentagem elevada de utentes sem médico de família.
Henriqueta Reynolds defendeu a necessidade de "reorganizar, inovar e investir. Investir não significa necessariamente gastar mais, significa utilizar melhor e de forma inteligente os recursos disponíveis, tornando esse investimento eficiente".
Os trabalhos das Jornadas Médicas das Ilhas da Macaronésia começaram ontem, dia 9 de Outubro, no Funchal, e decorrem ainda hoje (dia 10), até ao final do dia.

 

 

Poderá ver as fotografias do evento na Galeria de Fotos.

10 de novembro de 2003

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