Crianças têm de estar mais com os pais

Crianças têm de estar mais com os pais

Ordem dos Médicos vai lançar uma petição para reduzir o horário de trabalho de quem tem filhos até aos três anos.

 

É uma medida de saúde pública que a Ordem dos Médicos (OM) justifica com a necessidade de prevenir o risco de doenças mentais no futuro próximo. Hoje, sábado (dia 16 de Abril), avança com uma petição para que os deputados discutam na Assembleia da República a redução do horário de trabalho em duas horas diárias para os pais ou as mães com filhos até três anos.

A recolha de assinaturas pretende dar força à proposta que no ano passado os médicos tentaram incentivar, enviando uma missiva de sensibilização aos principais decisores do país. “Para lá da carta a acusar a receção da nossa proposta, até à presente data, surpreendentemente, não recebemos qualquer outra notícia de aceitação ou recusa. A situação que se mantém é injusta, consome tempo e recursos e prejudica as famílias”, afirmam na petição que agora vai ter início.

Na fundamentação científica que apresentam, os especialistas em psiquiatria da Infância e da Adolescência da OM alertam que o “pleno exercício da função parental” é decisivo para “a vivência que a pessoa terá de si própria e do mundo e para a maneira como se colocará nas situações, agirá e reagirá”. Permitir que as crianças na primeira infância estejam diariamente na companhia da mãe ou do pai durante o tempo adequado “tem reflexos no desenvolvimento cerebral e na formação da identidade emocional e a presença de outros cuidadores, como os avós, não substitui os progenitores”, garante o pedopsiquiatra e responsável da OM Pedro Pires.

A diligência dos médicos veio agora juntar-se à iniciativa de um grupo de mães que há pouco mais de um mês se juntaram num movimento civil semelhante. “Criei a petição através do telemóvel enquanto esperava que a minha filha adormecesse e no dia seguinte já havia um ‘boom’. As crianças estão sedentas de atenção e poder reduzir um pouco o horário diário seria o verdadeiro equilíbrio entre a vida pessoal e profissional”, afirma a dinamizadora da iniciativa popular Aurora d’Orey.

Além da possibilidade de permitir prevenir hoje para não ter de tratar amanhã, a redução da carga laboral em duas horas por dia, e sem penalização nas remunerações, é “uma medida concreta de apoio à natalidade, pois a não reversão da situação atual pode comprometer definitivamente o futuro demográfico e a sustentabilidade do país”, lê-se no texto que acompanha a petição. O médico Pedro Pires acredita que o regresso às 35 horas semanais já aprovado pelo Governo é o momento ideal para introduzir também esta mudança.

 

 

Fonte: Expresso, 16 de Abril 2016

18 de abril de 2016

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