Maria Cristina da Câmara faleceu no dia 7 de janeiro, em Lisboa. Contava 90 anos – nasceu em 7 de maio de 1930. Cristina Câmara, natural do Funchal, fez o seu curso na Faculdade de Medicina de Lisboa, que terminou em 1959, e tornou-se figura relevante da Medicina e particularmente da Anestesiologia, especialidade para cuja criação em Portugal e desenvolvimento contribuiu decisivamente.
No quadro da sua especialidade, merece particular destaque a sua dimensão de “intensivista”, designação que só muito mais tarde viria a ser acolhida no léxico médico. Fez grande parte da sua carreira nos Hospitais Civis de Lisboa e em particular no Hospital de São de José, onde foi diretora do Serviço de Anestesiologia. A ela se deve, no seu hospital de sempre, o desenvolvimento do Pavilhão de Traumatizados de Crânioencefálicos, onde estabeleceu um setor de Reanimação. O seu pioneirismo com Vasconcelos Marques revolucionaram a abordagem dos traumatismos de crânio. Fruto dessa sua enorme experiência, a ela coube, em 1968, a responsabilidade de participar como anestesiologista na célebre cirurgia a Oliveira Salazar no Hospital da Cruz Vermelha.
Médica de convicções, frontal e arrojada, ganhou destaque na sua especialidade e a admiração e respeito dos seus pares.
A especialista, uma mulher que sempre pautou a sua vida profissional por grande discrição, teve também uma atividade relevante como dirigente da Ordem dos Médicos, que a distinguiu em 2007 com a Medalha de Mérito da instituição.
A sua importância na especialidade foi devidamente sublinhada pelo Bastonário Manuel Machado Macedo, que, na Revista da Ordem dos Médicos de Agosto/Setembro de 1988, dedicada à Anestesiologia, referiu: “Não deixo de mencionar o nome de uma Anestesiologista, grande pioneira da reanimação em Portugal. É uma autêntica «Intensivista» (nome detestável mas explícito), a Dra. Maria Cristina da Câmara.”