Dois terços dos médicos e enfermeiros com sinais de burnout

Dois terços dos médicos e enfermeiros com sinais de burnout

Os mais jovens são os mais afectados. Más condições de trabalho são o principal factor invocado para justificar o estado de exaustão de médicos e enfermeiros, revela um dos maiores estudos realizados.

 

Quase metade dos médicos e dos enfermeiros apresentam sinais de burnout elevado e mais de 20% exibem sintomas de exaustão física e emocional moderada. São resultados preocupantes daquele que é um dos maiores estudos feitos em Portugal sobre um problema que tem sido cada vez mais mediatizado nos últimos anos, o burnout, síndrome que se traduz do inglês como o processo de “queimar até à exaustão”.

Publicado na última edição da Acta Médica, o estudo sobre “Burnout nos profissionais de saúde em Portugal” indica que, a nível nacional, 47,8% dos médicos e enfermeiros inquiridos apresentavam níveis de burnout elevados e que 21,6% exibiam sintomas moderados desta síndrome, que combina a exaustão física e emocional, a perda de realização profissional e a despersonalização (incapacidade de empatia, cinismo). É um estado de desgaste extremo, de quase colapso, que, além de atingir o próprio, afecta de forma significativa a relação médico-doente (empatia) e a qualidade dos cuidados de saúde prestados.

“A metáfora que se utiliza é a de que a pessoa fica arrasada, quase carbonizada, em cinzas, já não se consegue levantar”, descreve João Marôco, do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (IAVE), o coordenador do trabalho que foi realizado em conjunto com outros especialistas, nomeadamente da Escola Nacional de Saúde Pública e do Hospital de Santa Maria. Com uma amostra de conveniência mas muito alargada — foram inquiridos 1262 enfermeiros e 466 médicos, entre 2011 e 2013 —, a investigação pode ter conduzido a uma “sobrestimação” dos níveis de exaustão (porque a amostra não é aleatória e só respondeu quem estava motivado para isso), admite João Marôco, que explica ainda que o trabalho só agora foi publicado, porque teve de ser validado cientificamente.

 

Fonte: Público, 29 Fevereiro 2016

 

29 de fevereiro de 2016

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