Pedido para reduzir entradas nos cursos públicos conta com apoio da federação de estudantes de enfermagem. Em cada cem licenciados, 65 pedem certificado para sair do país.
A Ordem dos Enfermeiros e a Federação Nacional de Associações de Estudantes de Enfermagem querem reduzir em quase um terço (30%) o número de vagas a abrir, este ano letivo, nos cursos de Enfermagem das escolas públicas. A carta com o pedido foi enviada no final do mês passado ao ministro do Ensino Superior, depois de vários pedidos para uma reunião para definir uma estratégia de formação na área. Tal como o DN noticiou, em 2014 licenciaram-se, entre escolas públicas e privadas, 2633 estudantes de enfermagem. No mesmo ano, a Ordem dos Enfermeiros emitiu 2850 declarações a profissionais para poderem exercer fora de Portugal.
A redução de 30% das vagas, que se traduz em menos 593 tendo como base o número de vagas abertas no ensino público no último ano letivo (foram 1977), é um pedido já para este ano. Quanto a mais reduções, afirma, devem ser avaliadas anualmente. "Os 30% parecem um número grande, mas não é. Entre 2011 e 2015 o número de vagas manteve-se praticamente a mesma. Não houve qualquer tipo de estratégia durante este tempo e tendo em conta o número de alunos e de saídas, consideramos que esta é a redução necessária para este ano. O objetivo é que se trace uma estratégia e que o número de vagas seja avaliado todos os anos de acordo com as necessidades", explica ao DN a bastonária dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco.
Na carta enviada ao ministro Manuel Heitor, a responsável justifica o pedido com o número de enfermeiros a sair do país, salientando a falta destes profissionais nos centros de saúde e hospitais em Portugal. "No ano letivo 2014-2015, as escolas de enfermagem públicas formaram 1987 enfermeiros e destes 1237 pediram certificados à Ordem para emigrar. Ou seja, em cada cem licenciados, 65 querem ir para fora. E vão porque o Ministério da Saúde diz que não tem dinheiro para contratar, apesar de serem tão precisos nos serviços."
Fonte: Diário de Notícias, 19 de Abril 2016