Falta de especialistas vai sentir-se no verão

Falta de especialistas vai sentir-se no verão

Alexandre Valentim Lourenço visitou os hospitais de Caldas da Rainha e de Santarém, na tarde de dia 18 de junho, onde conversou com os médicos em serviço durante um fim de semana crítico nas urgências de obstetrícia, mas alertou para o verão difícil que se espera em várias especialidades.
“Não me parece haver na próxima semana tantos hospitais, ao mesmo tempo com tantos serviços em risco de rutura, agora teremos julho e agosto, para a frente […] e era importante perceber como é que vai ser o verão, em todas as especialidades e não apenas nesta”, afirmou Alexandre Valentim Lourenço, nas Caldas da Rainha, depois de visitar o Serviço de Urgência de Obstetrícia.
Aludindo à criação de uma Comissão de Acompanhamento em Obstetrícia, na sequência dos casos recentes de encerramento temporário das urgências por falta de profissionais, o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos (OM) lembrou que não existem, nem fariam sentido, comissões de acompanhamento para outras especialidades, apesar de faltarem “ortopedistas, anestesistas e pediatras”, entre outros.
Alexandre Valentim Lourenço sublinhou a necessidade de “mudanças estruturais” no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que defende dever ser assente “em outros princípios técnicos, de boa retribuição, conhecimentos profissionais e em que seja possível ser-se feliz a trabalhar”, como o garante para a fixação de médicos no serviço público.
Princípios que, reconhece, “foram assumidos pela tutela” e em relação aos quais os médicos exigem saber “que medidas vão ser implementadas”, uma vez que não se pode “ter pensos rápidos como a contratação de estrangeiros, ou uma formação à pressa, ou ter profissionais menos qualificados a fazer determinadas funções para tapar este buraco eternamente”.
O dirigente da Ordem dos Médicos deslocou-se ao hospital de Caldas da Rainha, por no início da semana ter tido notícia de que “não haveria médicos escalados para este fim de semana”.
A situação acabou por não se verificar, com o recurso “a empresas de tarefeiros que contrataram médicos já reformados ou que já pertenceram a este hospital, há dez anos que se voluntariaram, pelos valores de empresas tarefeiros para substituir e manter este sistema aberto”.
Uma solução apelidada por Alexandre Lourenço de “um penso rápido, um remendo que impede as mudanças estruturais” quer a nível nacional quer neste hospital em concreto, onde hoje verificou existir “muito movimento para os poucos médicos”, dando como o exemplo a especialidade de Anestesia, suprida hoje com a vinda de um médico de Coimbra.
As urgências de hospitais em várias zonas do país voltam este fim de semana a registar constrangimentos e encerramentos, nomeadamente em Braga, no Algarve e em Santarém.
Já no Hospital de Santarém, que Alexandre Lourenço visitou a seguir, adiantou que tem limitações no bloco de partos e cirurgia traumatológica durante o dia 18 e no domingo (19), por falta de anestesistas, o que vai obrigar ao reencaminhamento de doentes urgentes para outros hospitais da rede.
No Algarve, o centro hospitalar e universitário também continua a registar dificuldades em assegurar as escalas de médicos, o que levou a unidade de Portimão a encerrar as urgências de ginecologia e obstetrícia até às 09:00 de segunda-feira.
Em Lisboa e Vale do Tejo, a Administração Regional de Saúde (ARSLVT) admitiu que poderão existir limitações em alguns hospitais, o que poderá levar, num determinado período do dia, a terem de ativar o desvio de utentes transportadas por ambulância, através do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU/INEM), para outros hospitais da rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A ARSLVT ressalvou, contudo, que mesmo esses hospitais que, por períodos transitórios, acionem o desvio de CODU mantêm a urgência externa a funcionar, dando resposta a quem lá se dirigir pelos seus meios.

Fonte: Agência Lusa, 18 junho 2022

18 de junho de 2022

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