A exposição mostra um conjunto de 25 fotografias que o autor, então um jovem a terminar o seu curso de Medicina, colhe em setembro de 1968 a solicitação da direção do hospital. As imagens revelam cenas do dia-a-dia num hospital que albergava sobretudo doentes crónicos e que são consideradas, para além de belas, também "chocantes" e poderosas".
Afonso Albuquerque, um psiquiatra que nunca trabalhou lá trabalhou, referiu-se ao hospital como "um depósito onde se acumulavam pessoas", quase todas doentes crónicos e a maioria com psicoses graves, o que deu o mote à sua intervenção na sessão de Conversas Prévias, muito focado na falta de condições das unidades de saúde mental e na organização de uma rede. "Não há resposta para as psicoses mais graves nem para as psicopatias", disse.
Pedro Cintra, autor de um livro com base nas fotos de José Fontes, considerou, por seu turno que as fotos retratam "uma realidade que nunca deve ser obliterada", a do tratamento psiquiátrico naquele tempo, a que Jorge Penedo já se tinha referido também. Para Pedro Cintra, "Algumas fotografias são chocantes, mas sobretudo são poderosas".
A inauguração da exposição, que suscitou a presença de dezenas de pessoas, foi precedida de um momento de Conversas Prévias, na Biblioteca Histórica da Ordem dos Médicos, a que presidiu Jorge Penedo, com intervenções de António Fernandes Cascais, Pedro Cintra, Afonso Albuquerque e do próprio autor.