Bastonário dos Médicos põe em causa estatísticas fornecidas pelas unidades. Notificação obrigatória vai permitir ver a real dimensão do problema.
A Direção-Geral de Saúde (DGS) vai impor aos hospitais a declaração obrigatória das infeções associadas aos cuidados de saúde. Uma medida defendida pela Ordem dos Médicos e que poderá ajudar a corrigir a alegada “subavaliação” do problema das infeções hospitalares no país.
O bastonário da Ordem dos Médicos (0M), José Manuel Silva, acredita que as estatísticas não traduzem a real dimensão das infeções hospitalares, uma vez que estas nem sempre surgem como a principal causa de morte nos certificados de óbito.
O que significa que o problema poderá ser bem maior do que aquele que existe e que, recentemente, foi considerado "muito grave" pelas autoridades de saúde. Os últimos números indicam que as infeções hospitalares mataram cerca de 4500 pessoas em 2014, quatro vezes mais do que os acidentes na estrada.
"A estatística das infeções hospitalares tem de ser avaliada de outra forma. Precisamos de verdade, de transparência e não de manipulação", afirmou ao IN José Manuel Silva, defendendo que a solução passa por obrigar os hospitais a notificar todos os casos de infeção hospitalar.
Questionada pelo JN, a DGS informou que "vai Impor a notificação obrigatória das infeções associadas aos cuidados de saúde". A Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares corrobora as falhas dos registos. Apesar das melhorias introduzidas, a vice-presidente daquela associação, Margarida França, refere que as infeções hospitalares são "muitas vezes um diagnóstico secundário que escapa ao registo".
Fonte: Jornal de Notícias, 20 de Abril 2016