Investigadores estudam relação entre metabolismo do ferro e gravidade da doença

Investigadores estudam relação entre metabolismo do ferro e gravidade da doença

Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) vão tentar identificar, através de amostras de sangue de doentes, marcadores relacionados com o metabolismo do ferro que possam vir a ser usados para classificar a gravidade da covid-19.
“Quando um individuo é infetado por diferentes tipos de agentes infecciosos, sejam vírus, bactérias ou fungos, há uma alteração muito grande da distribuição do ferro no organismo”, afirmou hoje, em declarações à Lusa, Maria Salomé Gomes, investigadora do i3S da Universidade do Porto.  
O projeto, desenvolvido no âmbito da 2.ª edição da linha de financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) ‘RESEARCH 4 COVID-19’, vai por isso, nos próximos seis meses, tentar identificar marcadores que correlacionem o metabolismo do ferro com “um melhor ou pior prognóstico” da covid-19.
“O objetivo é que estes marcadores possam de futuro ser usados para, quando o doente é admitido, já ter ideia da probabilidade que ele tem de vir a ter um desenvolvimento clínico mais grave ou não”, explicou a investigadora, adiantando que a distribuição e regulação do ferro durante uma infeção é “bastante importante”.
Para perceberem esta correlação, os seis investigadores envolvidos no projeto, intitulado ‘Ironing Covid-19 – Finding in the host iron status the signature to predict the severity of the disease’, vão recorrer a soro de doentes infetados do Centro Hospital Universitário de São João, no Porto.
“Estabelecemos como objetivo ter cerca de 100 amostras, 60 de indivíduos infetados e com manifestações da doença, 20 de pessoas que deram positivo, mas que nunca tiveram sintomas e 20 controlos que nunca ficaram infetados”, referiu Maria Salomé Gomes, adiantando que além do ferro, vão também estudar outras moléculas que estão envolvidas no processo.
Se, a curto prazo, o objetivo da equipa é encontrar marcadores que possam ser usados como preditores da gravidade da doença, a médio e longo prazo o propósito é perceber os “mecanismos de causa e efeito”.
“Gostaríamos de perceber porque é que uma alteração em determinado parâmetro resulta num prognóstico pior e, a partir do momento em que percebermos os mecanismos, podemos pensar em intervenções terapêuticas”, concluiu.
Com um financiamento de 30 mil euros, este é um dos 55 projetos apoiado pela 2.ª edição da linha ‘RESEARCH 4 COVID-19’, que visa responder às necessidades do Serviço Nacional de Saúde e que na sua 1.ª edição apoiou 66 projetos.  
Além do i3S, o projeto envolve também o Centro Hospitalar Universitário de São João, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Fonte: Lusa, 16 junho 2020

16 de junho de 2020

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