Manuel Sá-Marques (1923 – 2020)

Manuel Sá-Marques (1923 – 2020)

Manuel Sá-Marques (1923 – 2020)

 

Manuel Machado Sá-Marques faleceu no dia 4 de fevereiro. Desaparece assim um dos médicos mais destacados do chamado «Movimento dos Novos», que daria forte impulso à elaboração do Relatório da Carreiras Médicas, documento que, a partir de 1961, influenciaria decisivamente a evolução dos serviços de Saúde em Portugal.

Manuel Sá-Marques, que nasceu em 7 de julho de 1923 – tinha, portanto, 97 anos –, destacou-se também na sua carreira médica pessoal, como internista e endocrinologista, tornando-se um dos mais reputados diabetologistas portugueses. Foi, nessa qualidade, Diretor dos Serviços Médico-Assistenciais da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (1974-1996), instituição que tinha sido fundada pelo seu mestre, Ernesto Roma, e deu aulas nas duas faculdades de Lisboa sobre diabetes.

Como clínico, seguindo os novos princípios da Diabetologia Social deixados por Ernesto Roma, Manuel Sá-Marques revolucionou o tratamento e acompanhamento da doença, recomendando a educação alimentar em vez de regimes opressivos de dietas rígidas, o que lhe mereceu reputação e grande destaque na especialidade que escolheu e na área a que se dedicou.

Durante 20 anos, trabalhou nos Hospitais Civis de Lisboa, onde cumpriu todos os passos da carreira, desde médico voluntário (1947), interno de especialidade até assistente graduado.

Porém, a sua vida de médico foi muito para além da prática clínica. Recorde-se que era neto de Bernardino Machado e manteve até ao final da sua vida um blogue dedicado ao avô – corria-lhe nas veias essa dimensão que o fez empenhar-se numa participação cívica e política de grande relevância, de onde se destaca a participação nas campanhas presidenciais de Norton de Matos, de Rui Luís Gomes e de Humberto Delgado.

Na Ordem dos Médicos, depois do seu empenho no apoio ao Relatório das Carreiras Médicas, foi membro do Conselho Disciplinar Regional do Sul, entre 1971 e 1973, e, mais recentemente, delegado ao Plenário pelo Distrito Médico de Lisboa-Cidade, no triénio 2014-2016. A sua atividade mereceu-lhe a atribuição da Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos em 2003, por ocasião do XI Congresso Nacional de Medicina.

De resto, também o Ministério da Saúde o condecorou com a Medalha de Serviços Distintos Prata, concedida em 1995 pelo ministro Paulo Mendo.

Considerado por muitos uma referência na defesa da profissão médica, destacou-se também em atividades sindicais no âmbito do Sindicato dos Médicos da Zona Sul e da Federação Nacional dos Médicos.

Como opositor e resistente no período do Estado Novo, foi membro de organizações como o Movimento de Unidade Antifascista (MUNAF) e do Movimento de Unidade Democrática (MUD).

O corpo de Manuel Sá-Marques estará a partir das 17h00 de hoje (5 de fevereiro) na Igreja de Santa Joana Princesa (à Avenida Estados Unidos da América). Dia 6 de fevereiro o funeral sairá, às 16h30, para o cemitério do Alto de S. João, onde o corpo será cremado a partir das 17h30.


5 de fevereiro de 2020

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