Médico Francisco Belo entra em competição

Médico Francisco Belo entra em competição

Francisco Miguel Pereira Boavida Pires Belo, de seu nome completo, terminou já o seu curso de Medicina, que fez ao mesmo tempo que se destacava como atleta de alta competição, e está inscrito na Região Sul da Ordem dos Médicos desde o ano passado. Naturalmente, depois da sua brilhante carreira de atleta passará a engrossar a fileira da profissão médica.

Para já, a concentração está por inteiro na prova de lançamento do peso, especialidade de que é recordista nacional com 21,28 metros, marca que lhe valeu o 'passaporte' para Tóquio2020.

Pouco antes do início dos Jogos Olímpicos – este ano marcados pela pandemia que levaram à sua realização em ano ímpar – Francisco Belo falou sobre as expetativas, numa entrevista à Agência Lusa. “É chegar lá e dar o meu melhor… e que seja o meu recorde pessoal. Isso poderá eventualmente dar-me diploma ou, quem sabe, passar à final. Dependerá mais da ligação da minha marca à dos outros, não sei como eles vão estar. Eu vou querer estar na minha melhor forma e que isso signifique que passo à final”, disse o lançador, que compete pelo Benfica.

Tem uma relação e uma história peculiar, quer com o desporto quer com a Medicina.

Por um lado, recorda, a propósito da sua relação com o desporto: “Sempre fui e continuo a ser muito ‘nerd’ no sentido de gostar de estudar, ver documentários, focado em atividades extracurriculares na escola, como geografia, clubes de jornalismo e poesia. Nunca gostei de desporto. Curiosamente a vida levou-me aos Jogos Olímpicos, o que tem alguma piada”, explicou na entrevista.

E por outro, assume que a vida o tem levado pelas áreas que inicialmente lhe parecem distantes. Foi também o caso da Medicina. Francisco Belo recordou nessa entrevista que em determinada altura “disse que nunca entraria num hospital”, sendo que agora é médico: “Na vida prefiro não dizer ‘nunca’, pois já sei que vai acontecer”.

No lançamento do peso não procura resultados específicos, tal como prescinde de metas objetivas na medicina: “O objetivo é um dia saber que fiz tudo o que poderia ter feito em determinada altura. Não quero chegar ao final da carreira médica ou desportiva e dizer ‘fui incapaz de dar o meu melhor’”.

Este ano, Francisco Belo tem dedicado o seu tempo de estudo a fazer uma pós-graduação em Medicina Desportiva, que, segundo o lançador, visou “manter algum contacto e crescer” na área, para “não estar parado” enquanto garante estar “focado a 200% no desporto”.

A Medicina para já espera. Numa entrevista que deu ao Magazine Jovem, a que pode aceder aqui, Francisco Belo referiu, a propósito do seu futuro: “Vai haver uma altura de transição em que eu irei conciliar os dois. Estou a tentar não ficar muito afastado da medicina e a pós-graduação que estou a frequentar é útil nisso. Vai surgir o momento em que terei que fazer o ano comum e depois a especialidade. Mas não sei quando isso acontecerá, nem qual a especialidade que irei escolher”.

Para além do desporto e da Medicina, o atleta tem ainda uma particularidade, a intransigente defesa dos direitos dos animais, pelos quais diz nutrir enorme paixão.

Esta manhã, a atenção dos portugueses nas Olimpíadas será neste atleta, tão alto como a nobreza das suas escolhas na vida.

 

Este ano, foram dois os médicos integrados na comitiva olímpica – o outro é Rui Bragança (inscrito na Região Norte da Ordem dos Médicos), que competiu em taekwondo – mas houve ainda mais duas atletas estudantes de Medicina que já competiram: Catarina Costa, em judo, e Irina Rodrigues, no lançamento do disco.

 

 

2 de agosto de 2021

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