Ministro ignora apelo para redução de vagas para estudantes de medicina e enfermagem

Ministro ignora apelo para redução de vagas para estudantes de medicina e enfermagem

Estudantes e ordens profissionais escreveram cartas a Manuel Heitor em março.

 

O problema não é novo e arrasta-se de ano para ano. As vagas no ensino superior de enfermagem e de medicina mantêm-se inalteradas e o número de profissionais que fica sem emprego em Portugal continua a aumentar. Em março, a Ordem dos Enfermeiros, a Federação de Estudantes de Enfermagem e a Associação Nacional de Estudantes de Medicina escreveram cartas ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a solicitar a redução de vagas nos cursos superiores públicos de enfermagem e medicina mas, até ontem, não tinham obtido qualquer resposta do gabinete de Manuel Heitor. O i também contatou o ministério mas até ao fecho desta edição não houve qualquer esclarecimento.

A carta enviada pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, a que o i teve acesso, é muito clara na justificação do pedido de redução de 30% das vagas já no ano letivo de 2016/2017. "No ano letivo 2014/2015 as escolas de enfermagem públicas formaram 1987 enfermeiros e destes 1237 pediram certificados à Ordem para emigrar. Ou seja, em cada 100 licenciados 65 querem ir para fora. Ana Rita Cavaco refere "a falta uma estratégia a médio/longo prazo do que é preciso formar. Precisamos de olhar para os dados para ver o que deverá ser a tendência dos próximos anos. O numerus clausus deve ser encontrado em conjunto entre os ministérios do Ensino Superior e da Saúde, já que um forma e o outro contrata. E se o que forma está a deitar dinheiro à rua, o que contrata não o tem. Por isso perguntamos quanto custa a formação e se for muito superior ao vencimento, então isso mostra que não há gestão".

A Associação Nacional de Estudantes de Medicina, que representa os 12 mil estudantes no país, enviou mesmo à tutela uma proposta de reformulação dos cursos e redução, em cinco anos, de 1800 vagas anuais para 1300. Até porque os hospitais não têm condições para assegurar a formação da especialidade a todos. A proposta seguiu para a tutela a 6 de Março, com um pedido de audiência. André Fernandes, presidente da ANEM, lamentou ao i a ausência de feedback. "Faz parte das obrigações do poder executivo ouvir as perspectivas daqueles que administra. É um problema já demasiado antigo para continuarmos a adiar."

 

Fonte: jornal i, 20 de Abril 2016

20 de abril de 2016

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