Necessário mas insuficiente

Necessário mas insuficiente

Nos últimos meses e na sequência de várias visitas a hospitais e centros de saúde, alertámos para o estado dos cuidados médicos na região do Sul.
Equipas desfalcadas, instalações inadequadas, equipamentos obsoletos, múltiplos fatores a prejudicarem uma Medicina que se pretende eficaz, mas também dinâmica e inovadora.
Em muitas das causas existe um denominador comum: falta de dinheiro. Cortes, cativações, restrições e exigências inéditas de justificações por parte dos dirigentes do Ministério das Finanças e Tribunal de Contas.
Alertámos desde sempre que o PIB para o SNS é o mais baixo de sempre. E se as verbas globais podem ter aumentado ligeiramente no último ano, estão a centenas de milhões de euros da época pré-troika. E mesmo nessa longínqua época (quase jurássica), eram insuficientes para responder a uma Medicina com requisitos tecnológicos crescentes, necessários para uma contínua melhoria dos indicadores de Saúde.
Assim, o foco da reivindicação tem sido uma franca melhoria da dotação orçamental para o SNS. Urge sair dos 4,8% e, de forma gradual e estratégica, reaproximarmo-nos dos 6,5% para o “nosso” SNS. Relembrando que 0,1% do PIB
é igual a 200.000.000€, bem percebemos a falta que faz.
É uma condição necessária, diria mesmo essencial, para a reanimação do SNS. Precisamos de aplicar o desfibrilhador e colocar uma via endovenosa, com recursos financeiros importantes e contínuos. De outra forma o SNS não sairá do estado vegetativo.
Mas será suficiente?
Tal como num doente em estado crítico após a reanimação, são necessárias medidas de fundo e de longa duração para evitar recaídas.
A Medicina mudou muito nos últimos 40 anos e mudará ainda mais nos próximos 20. Mas a estrutura das organizações e os enquadramentos legislativos mantiveram-se com a mesma base e foram acrescentados de múltiplos remendos ao longo do tempo. De tal forma que muitas vezes as interpretações são contraditórias e invariavelmente a aplicação prática é nula ou muito ineficaz.

 

Alexandre Valentim Lourenço

Presidente do Conselho Regional do Sul

 

26 de junho de 2018

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