Obstetrícia do Barreiro sob grande pressão

Obstetrícia do Barreiro sob grande pressão

Uma delegação da Ordem dos Médicos do Sul, com representantes dos dois sindicatos médicos, esteve, no dia 17 de janeiro, no Hospital do Barreiro, onde as dificuldades se agravam no serviço de Obstetrícia. Faltam muitos especialistas e há grande pressão sobre os profissionais.

Paulo Simões, Presidente do Conselho Regional do Sul, liderou a delegação da Ordem dos Médicos, que apresentou à administração do hospital as razões da iniciativa – a Ordem recebeu ultimamente várias escusas de responsabilidade por falta do número mínimo de especialistas nas escalas de urgência -- e depois visitou o serviço e reuniu com os obstetras, que são apenas sete neste momento, mas que há um ano apenas eram 12.
A delegação da Ordem dos Médicos incluía também a Vogal do CRS Maria João Mateus, dois representantes do colégio de Ginecologia/Obstetrícia, Ana Bernardo e João Saraiva, e um representante do Conselho Nacional do Médico Interno, Francisco Pego. A estes juntaram-se o secretário-geral do Sindicato Indepente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, Fernando Almeida, diretor do serviço de Obstetrícia do Hospital de Setúbal e também ele dirigente do SIM, e o dirigente da Federação Nacional dos Médicos Paulo André Fernandes.
Na conclusão da visita, o presidente do Conselho Regional do Sul manifestou-se preocupado com a “grande pressão” no serviço e alertou para o risco de este perder ainda mais recursos humanos.
Os dirigentes começaram por apresentar cumprimentos ao Conselho de Administração, numa breve reunião, em que a presidente esclareceu algumas das situações no serviço que careciam de solução e às quais promete dar resposta. A administração da Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho, a que pertence o Hospital do Barreiro, assumiu com o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, que há dificuldades, mas garantiu que está a lutar pela maternidade no Barreiro, fazendo todo o possível para manter o serviço a funcionar.
“O facto é que, a manter o serviço a funcionar nestas circunstâncias, a segurança para os doentes não é totalmente garantida”, frisou contudo Paulo Simões.
A seguir à reunião com o CA, na visita ao serviço, houve uma primeira reunião com médicos especialistas e também com a diretora, Ana Paula Lopes, que admitiu haver problemas sérios de falta de especialistas, mas garantiu que os médicos se esforçam até ao limite, apesar de uma relação que não é fácil com a Administração. A visita continuou pelo serviço, que do ponto de vista das instalações apresenta boas condições, e terminou com nova reunião com outros médicos obstetras e com a responsável pela elaboração das escalas de urgência, que defendeu a absoluta necessidade de contratar mais especialistas.
No final, Paulo Simões referiu também em declarações à agência Lusa que a constituição das equipas tem recursos abaixo dos mínimos recomendados pela Ordem dos Médicos. “Fomos tentar perceber a realidade. O serviço, que devia ter cerca de 20 elementos, tem atualmente sete elementos e dois deles, mais jovens, não sei ser irão ficar durante muito tempo com a pressão das urgências que estão a sentir. Há um esticar da corda”, disse.
Segundo o Presidente do CRS, o grande problema não é só a questão da afluência, mas sim de casos de grávidas que chegam da Ásia e de África, que nunca foram seguidas e que surgem com situações de descompensação que podem tornar complicada a abordagem do parto.
Os médicos “queixam-se dessa pressão, mas também o facto de nas semanas em que estão abertos (porque fecham alternadamente com Setúbal), terem de assegurar a sua área e a de Setúbal. Na prática, são duas áreas a cobrir com uma equipa insuficiente para a resposta adequada”, explicou.
Este aspeto foi muito sublinhado pelos médicos nas duas reuniões. Advertiram até que muitas vezes o hospital recebe doentes da margem norte do Tejo, designadamente da área do Hospital Beatriz Ângelo e de outros mais afastados, como Santarém ou Abrantes. Paulo Simões disse também no final que o hospital faz por vezes oito a 10 e até mesmo 14 partos por dia com situações de gravidezes não seguidas.
“Há um grande mal-estar e a minha preocupação aqui é perceber que o serviço está sobre grande pressão havendo o risco de saírem pessoas. Há um ano tinham 12 pessoas e já sairam cinco e a continuar esta forma de trabalhar provavelmente rapidamente outros sairão”, alertou.
 

17 de janeiro de 2024

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