O Presidente do Conselho Regional do Sul, Paulo Simões, acompanhou o Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, numa visita ao Hospital Garcia de Orta, no dia 6 de novembro. Aí, reuniram com a administração e direção clínica que manifestaram a sua preocupação com a referenciação dos utentes e a consequente “afluência excessiva” ao serviço de Urgência.
A delegação da OM, da qual fez também parte o Secretário do CRS, João Dias Ferreira, visitou a Urgência de Ginecologia e Obstetrícia, Geral e de Pediatria e, ainda, a Unidade de Internamento de Curta Duração de Psiquiatria, do hospital que integra a Unidade Local de Saúde Almada-Seixal.
“Esta visita está relacionada com a problemática da Urgência, que é uma matéria que tem preocupado muito a Ordem dos Médicos”, esclareceu o Bastonário, que apontou a importância de “ir ao terreno, falar com as pessoas e ver as condições” como motivo da deslocação a esta unidade de saúde.
Face a esta preocupação, Carlos Cortes realçou, ainda, que a OM tem trabalhado no sentido de tentar encontrar soluções para o cenário crítico que, num tom geral, os serviços de Urgência de vários hospitais apresentam, nomeadamente ao nível da capacidade de resposta. “Nós temos trabalhado, por exemplo, na criação da especialidade de Urgência e Emergência” e de subespecialidades nesta área, como “Cirurgia de Urgência, Pediatria e Medicina Interna”, que “tem tido imensas dificuldades em toda a sua atividade”.
Por seu turno, Paulo Simões relembrou que por “várias vezes” representou o Conselho Regional do Sul em reuniões e visitas ao Hospital Garcia de Orta, no contexto da especialidade de Medicina Interna, por ser “uma das áreas de grande pressão no sistema” de saúde, referiu.
Quanto à questão da referenciação pelo Serviço Nacional de Saúde que tem levado a uma maior procura dos utentes pelo serviço de Urgência do HGO, acompanhada de um aumento da atribuição de pulseiras verdes e azuis, o Conselho de Administração observou que esta situação “prova que os algoritmos não estão ajustados”.
Embora o CA considere fundamental trabalhar nesta área, com vista a diminuir a elevada afluência de casos não emergentes ao serviço de Urgência, reconheceu que só isso não é suficiente: “O algoritmo é uma solução para um problema subjacente que não está a ser resolvido. As pessoas continuam sem uma resposta. Os algoritmos podem ser alterados, mas é necessário dar uma resposta às pessoas e é isso que está a falhar”, explicou a administração.
Por sua vez, João Dias Ferreira, especialista de Medicina Geral e Familiar na ULSAS, defendeu que “os algoritmos têm de ser prioritários”, acrescentando que, por exemplo, no caso dos Cuidados de Saúde Primários “muitos dos doentes podiam estar em autocuidados”, em vez de se dirigirem a uma Unidade de Saúde Familiar.
Ainda sobre este tópico, o Bastonário considerou que se trata de uma área em que a Ordem dos Médicos poderia intervir, podendo “haver abertura dos próprios Serviços Partilhados do Ministério da Saúde para aceitarem ajuda da OM”.