Vagas para formação de jovens médicos duplicaram em oito anos

Vagas para formação de jovens médicos duplicaram em oito anos

Já há hospitais que têm tantos internos como especialistas, alerta o bastonário da Ordem dos Médicos, que assume que a qualidade da formação dos novos profissionais fica posta em causa.

 

As vagas para os recém-licenciados em Medicina que vão entrar em 2017 no internato do ano comum (para fazer a formação geral) mais do que duplicaram nos últimos oito anos, passando de 1085, em 2008, para 2414, no concurso deste ano, segundo o aviso publicado ontem em Diário da República. É o maior número de sempre de vagas disponibilizado no concurso de ingresso no ano comum e está a preocupar os responsáveis da Ordem dos Médicos (OM), que avisam que alguns destes jovens não terão vaga para fazer a formação de especialidade, acabando por ficar a trabalhar como uma espécie de médicos indiferenciados. Mas o pior, defendem, é que, com tantos internos nos serviços, a qualidade da formação médica fica posta em causa.

“As instituições estão saturadas de internos. Já há hospitais que têm um interno por cada especialista. A formação é deficiente, eles não têm colegas mais velhos para os orientar”, critica o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, que avisa que não vai ser possível aumentar as vagas para a formação na especialidade na mesma proporção e que, por isso, haverá médicos que não poderão especializar-se, como já aconteceu nos últimos dois anos.

Depois de completarem o ano comum, os jovens médicos seguem para a formação específica, escolhendo uma especialidade que demora entre quatro e seis anos a concluir. O bastonário da OM defende que a Medicina sem especialidade, que recusa classificar como indiferenciada, é “uma via sem futuro”, apesar de estes profissionais terem autonomia para exercer.

Os novos médicos vão ser distribuídos pelos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 2017, sendo a maior parte das vagas para hospitais da região Norte (862) e de Lisboa e Vale do Tejo (822). O Centro receberá 426, o Alentejo 103 e o Algarve 100. Os Açores contam com 66 vagas e a Madeira com 35. O número é definido de acordo com o total de alunos de Medicina que acabaram o curso em Portugal somado com as solicitações de estudantes portugueses e estrangeiros que se formaram fora do país.

 

Fonte: Público, 1 de Setembro 2016

 

1 de setembro de 2016

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