A “consulta ao turista” sobrecarrega os escassos serviços de saúde do Algarve

A “consulta ao turista” sobrecarrega os escassos serviços de saúde do Algarve

A falta de profissionais de saúde é crónica, mas durante a época balnear disfarçam-se as mazelas do Centro Hospitalar do Algarve e centros de saúde. Faltam 164 médicos e mais de duas centenas de enfermeiros.

 

Começou esta semana a “consulta ao turista” no Algarve, em 12 localidades da região — de Vila Real de St.º António a Sagres. A medida não é nova, mas surge agora revista, procurando responder a uma população que quase triplica nestes meses. As medidas de fundo, relacionadas com a contratação de mais profissionais, continuam adiadas. No Algarve, avaliou a Administração Regional de Saúde (ARS), faltam 164 médicos. Por outro lado, o Sindicato dos Enfermeiros estima que serão necessárias mais 200

profissionais deste sector.

A criação de uma “consulta ao turista”, explica o vogal do conselho de administração da ARS, Nuno Ramos, “destina-se a não sobrecarregar os Centros de Saúde e as Urgências, quando a situação não se justifica”. A consulta está direccionada para os cidadãos que visitam o Algarve e necessitam de cuidados de saúde na doença aguda não emergente ou apoio em doença crónica. O dirigente regional do Sindicato dos Enfermeiros, Nuno Manjua, questiona: “E os algarvios residentes, por que não têm acesso?” Nuno Ramos explica: “Esses utentes podem recorrer ao seu médico de família.” Mas, na opinião do sindicalista, “não faz sentido haver distinção entre os que estão e os que vêm de fora — o Algarve não existe só de Verão”.

Até há cerca de dois meses, o diagnóstico do sector da saúde, feito pelos autarcas e outros dirigentes políticos, não podia ser pior. “Caótico”, denunciaram, apontando o dedo ao hospital de Faro, obrigado a deslocar doentes para os hospitais de Lisboa por falta de médicos de várias especialidades, com destaque para a ortopedia e anestesia. Na passada sexta-feira, parecia que tudo estava resolvido. O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, depois de visitar a Ortopedia, Neurocirurgia e Urgência, declarou: “Saio daqui com uma visão muito mais optimista em relação a este centro hospitalar. O actual conselho de administração, com o apoio da ARS e do Ministério da Saúde, tem conseguido mudar a imagem deste hospital.”

 

Fonte: Público, 6 de Julho 2016

6 de julho de 2016

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