O Bastonário da Ordem dos Médicos advertiu que o problema de haver médicos que ficam sem especialidade "é o Governo que tem de resolver rapidamente". Foi na abertura do mostrEM 2020 da Região do Sul da Ordem dos Médicos, em que participaram também o Presidente do Conselho Regional do Sul, Alexandre Valentim Lourenço, e a Presidente do CNMI, Catarina Perry da Câmara.
A edição do mostrEM 2020 arrancou a 28 de setembro sob o signo dos novos tempos da pandemia, com a realização de todo o programa em plataforma digital com transmissão disponível na página de facebook da Região Sul da Ordem dos Médicos e mais de meio milhar de jovens médicos inscritos. A transmissão teve sempre centenas de jovens médicos a seguirem cada uma das intervenções dos especialistas e dos internos de especialidade.
Foi a Presidente do Conselho Nacional do Médico Interno a fazer a primeira intervenção gravada da abertura. Catarina Perry da Câmara incentivou os participantes neste encontro, que visa apoiar os novos médicos na escolha da sua especialidade, a pensarem numa especialidade de que gostam, mas também "pelo ambiente geral de cada serviço", factor que considerou "muito importante" para que os profissionais se sintam bem. A Presidente do CNMI referiu-se ainda ao organismo que lidera, explicando a sua importância "como interface entre a Ordem e os internos".
Já Alexandre Valentim Lourenço, Presidente do Conselho Regional do Sul, recordou os novos internos que "a escolha que fizerem da especialidade vai ter repercussão para os próximos 30 ou 40 anos", o que exige uma opção que leve em conta os novos caminhos que a Medicina vai tomar. "Têm que perceber o que vai ser o futuro de determinada especialidade", embora tenha sublinhado que a essência da Medicina se mantém e que "a tecnologia e a inovação devem servir para melhorar as especialidades e dar-lhes mais importância". O dirigente terminou propondo que os participantes "façam uma escolha racional mas também emocional, se é possível garantir as duas coisas". "Escolham com o coração e com a cabeça", terminou.
O Bastonário fechou a rápida sessão recordando a quantidade de médicos que se formam todos os anos nas universidades e que v~em também formados de universidades estrangeiras, o que dificulta a entrada numa especialidade. "O mapa de vagas deste ano é o maior de sempre, o que fará com que alguns de vós não consigam entrar numa especialidade, mas isso é um problema que o Governo tem que resolver e rapidamente". "Estamos a viver uma situação má", disse Miguel Guimarães, e por conseguinte, "a sociedade vai precisar de nós pela saúde, mas também pela economia e pela educação".
A edição deste ano do mostrEM 2020, que até agora teve apenas realização em Lisboa, vai prolongar-se até ao dia 2 de outubro, com a participação de especialistas e internos de todas as especialidades, que darão aos jovens que pretendem escolher a especialidade os traços gerais de cada uma das suas áreas.