CRS quer "independência na decisão clínica"

CRS quer "independência na decisão clínica"

O Presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos disse, no final de reuniões que manteve no Hospital de Faro, que a administração do hospital garantiu a “independência e capacidade de decisão dos clínicos” em relação à alta ou ao internamento de doentes.
Alexandre Valentim Lourenço reuniu-se hoje (5 de março) com a administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), na sequência da demissão dos chefes de serviço de medicina, que alegaram como motivo pressões para dar altas antecipadas a doentes face à sobrelotação dos serviços. O Presidente do CRS disse aos jornalistas que essa decisão pode ser revertida, caso as condições que lhe foram transmitidas se confirmem.
Alexandre Valentim Lourenço revelou que a administração hospitalar “garantiu que nenhum fator externo que não seja a decisão clínica vai impedir que os médicos prescrevam os exames, as terapêuticas ou tomem decisões clínicas adequadas” para melhor atender os doentes.
“Foi-nos garantido que tudo será feito para preservar essa independência e a capacidade de decisão dos clínicos”, afirmou, explicando que os chefes de serviço anunciaram o pedido de demissão “num momento de pressão e em que o número de internamentos e o número de doentes internados era muito elevado”.
O dirigente da Ordem recordou que os médicos reportaram “pressões no sentido de tomarem decisões mais consentâneas para a resposta do hospital”, mas assegurou que estes “não vacilaram” e “mostraram que era importante preservar essa atividade clínica”.
“O que eu vi, quer da parte da administração quer da parte dos médicos, é uma vontade comum em resolver o problema dos doentes e garantir uma qualidade que nunca foi posta em causa”, disse ainda o Presidente do Conselho Regional do Sul, acrescentando que “existe neste momento um alinhamento mais próximo do diálogo para encontrar uma solução do que existia há uma semana atrás”, entre administração e médicos.
Alexandre Valentim Lourenço esclareceu que os chefes de serviço “estão demissionários”, mas frisou que ainda “não foi tomada uma decisão” sobre esse pedido de demissão e considerou que, “se os médicos forem capacitados nas suas decisões e essas decisões forem respeitadas, voltando a repor o normal funcionamento de qualquer serviço, essa decisão não faz sentido”.
O dirigente da Ordem disse que a decisão dos médicos foi tomada "sob pressão face a um momento de crise”, quando “o hospital tinha as camas todas ocupadas” e quando havia “um grave problema de comunicação entre médicos e administração”.
“Penso que está a ficar sanado", e pode ser reposta a normalidade das relações dentro da instituição. "E vamos ver se isso se reflete em soluções boas para os doentes, na preservação da qualidade da medicina", rematou.
Alexandre Valentim Lourenço disse estar a haver uma “taxa de ocupação de camas neste serviço de medicina superior a 130%” e isso mostra como o “parque hospitalar, este hospital e a capacidade dos serviços são insuficientes para as necessidades da população” do Algarve.
Questionado sobre a necessidade de construir um novo hospital central do Algarve para poder resolver esta questão, o dirigente Ordem dos Médicos respondeu que podem ser encontradas outras medidas pela administração, mas sublinhou que a maioria dos doentes internados “tem mais de 80 [anos] e múltiplas patologias” e, se não forem encontradas soluções “ao nível da segurança social ou da família”, haverá cada vez “mais situações de crise” nos hospitais.

5 de março de 2018

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