“Especial atenção” à falta de médicos em Beja

“Especial atenção” à falta de médicos em Beja

O dirigente, que lidera a Região Sul da Ordem dos Médicos, explicou em declarações à Agência Lusa: “O que acontece em Beja é muito simples. Acontece numa região remota, numa zona do interior do país, uma carência de médicos de várias especialidades que é comum a todos os hospitais da zona sul, mas que, pelo posicionamento do hospital de Beja, é mais grave”.
Alexandre Valentim Lourenço referia-se ao manifesto assinado por 12 diretores de serviço do Hospital José Joaquim Fernandes, de Beja, que alerta para o “risco iminente de colapso nas urgências de Pediatria e Obstetrícia” e para a “absoluta carência de médicos” na unidade.
O Presidente do Conselho Regional do Sul, que no dia 5 de fevereiro, à noite, esteve na cidade alentejana, na receção aos internos da Sub-região de Beja, disse ter tido conhecimento de que, neste hospital, “em dezembro, não se conseguiram fazer as escalas de urgência de Pediatria e de Obstetrícia” e de que há “graves carências na Anestesia e especialidades cirúrgicas”.
“E essa carência de médicos, que se tentou resolver em dezembro, continua por resolver nestes dois primeiros meses” do ano, sublinhou.
Para o dirigentel, estes problemas devem-se ao facto de, no ano passado, a nível nacional, “não ter havido concurso para recém-especialistas” hospitalares, o que impossibilitou a sua contratação.
E, destacou, “alguns hospitais” estão a “ter dificuldade para fazer contratos individuais de trabalho com médicos”.
“Neste hospital, como em outros, os serviços identificam colegas com vontade de trabalhar de forma permanente nesses locais, as propostas são, muitas vezes, feitas pelas administrações, mas, depois, a nível superior, normalmente no Ministério das Finanças, os contratos não são permitidos”, criticou.
As empresas de prestação de serviços, indicou, também “têm sido empurradas, nos últimos meses, para pagamentos de hora inferiores”, tornando mais difícil “encontrar médicos de qualidade para as escalas”.
“Todos os hospitais precisam de contratos”, mas “é preciso ter especial atenção em Beja”, como em outros hospitais “muito afastados dos grandes centros”, defendeu.
“Sendo o último recurso tecnológico e científico para as comunidades locais, eles têm que estar no topo da agenda para quem faz a contratação de recursos médicos hospitalares”, sustentou.
O manifesto dos clínicos do Hospital de Beja, que faz parte da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), foi divulgado no dia 5 de fevereiro e assinado pelos diretores dos serviços de Psiquiatria, Fisiatria, Pediatria, Hematologia, Pedopsiquiatria, Medicina, Anestesia, Ortopedia, Obstetrícia, Hospital de Dia de Oncologia, Urgência e Patologia Clínica.
Nesse mesmo dia, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) reconheceu “as dificuldades existentes em várias especialidades médicas” no hospital de Beja, assegurando que “tudo” faz para procurar solucionar os problemas.



5 de fevereiro de 2018

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