Falta de resposta assistencial na Madeira e Açores obrigou à transferência de 1500 doentes para hospitais do continente em 2015.
Um exame de rotina a pedido do médico de família em Ponta Delgada mudou tudo. Em janeiro de 2014, João Ferreira. açoriano nascido e residente em S. Miguel, começou uma maratona de análises e exames para descobrir a origem de uns nódulos no fígado. Em pouco tempo, o oncologista do Hospital de Ponta Delgada concluiu que precisava de resultados mais específicos. E decidiu transferir o doente para o IPO do Porto, onde teria acesso ao equipamento mais evoluído da Península Ibérica para diagnóstico daquele caso.
O caso de João - que dois anos e meio depois continua a ser seguido no IPO do Porto, após duas cirurgias ao rim e ao intestino e vários tratamentos ao fígado - é cada vez mais frequente. O número de doentes que são transferidos da Madeira e dos Açores para exames, cirurgias e tratamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem vindo a aumentar, reflexo das necessidades assistenciais nas ilhas.
No ano passado, foram transferidos para o continente 4508 residentes nas ilhas, contra 4055 em 2014 e 4303 em 2013. Os Açores são o principal "exportador" (4040), sendo responsável por quase 90% destas transferências. segundo dados enviados ao JN pelo Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira e pela Secretaria Regional de Saúde dos Açores.
No último ano, a Pediatria foi a especialidade mais procurada pelos açorianos em hospitais do SNS (321 doentes), seguido da Oftalmologia (168), da Nefrologia (130) e da Cardiologia (123). Os tratamentos de Radioterapia, que só chegaram aos Açores em março deste ano, motivaram em 2015 a deslocação de 93 doentes. É expectável que
este número diminua a partir deste ano com a abertura do Centro de Radioterapia em S. Miguel.
Fonte: Jornal de Notícias, 12 de Setembro 2016