População deve manter confiança no hospital do Barreiro

População deve manter confiança no hospital do Barreiro

A diretora clínica do Centro Hospitalar Barreio Montijo disse, numa reunião com uma delegação do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos (CRS), que “gostava de transmitir à população que os problemas existem, mas não há desinvestimento, não há intenção de fechar coisa nenhuma e o propósito é tentar ultrapassar os problemas como tem sido feito”.

Elisabete Gonçalves referia-se às recentes notícias na comunicação social que apontam para graves problemas na Unidade de Oncologia do Hospital Nossa Senhora do Rosário (Barreiro) e também a outros alertas que têm sido recebidos pela Ordem dos Médicos.

A reunião com a delegação do Conselho Regional do Sul, liderada pelo respetivo presidente, Jaime Teixeira Mendes, decorreu nas instalações do hospital do Barreiro, no dia 14 de Abril, a pedido do CRS.

Elisabete Gonçalves saudou a “oportunidade para esclarecer aquilo que corre na comunicação social. Tudo tem o seu fundamento, as coisas não aparecem do nada, mas há muitas deturpações e as coisas são levadas a um exagero, que preocupa, no sentido em que põem em causa a instituição em si, põem em causa o trabalho de todos os colegas, põem em causa o Conselho de Administração, em síntese, põem em causa uma quantidade de pessoas sem serem devidamente esclarecidas”.

Neste contexto, a diretora clínica manifestou a sua preocupação com o “clima de instabilidade e de falta de confiança dos doentes” que se gerou, “doentes com situações graves que se apoiam na equipa que os está a tratar e que de um momento para o outro passam a duvidar se as pessoas que os estão a tratar são competentes ou não e se os estão a tratar bem ou não, se esta instituição é de confiança ou não”. “Isto é tirar-nos o chão debaixo dos pés!”, rematou.

A responsável clínica admitiu na reunião que “há dificuldades com recursos humanos, como sempre houve, mas não há razão para desacreditar as equipas e criar instabilidade nos doentes”.

Na Unidade de Oncologia do hospital, o anterior diretor pediu a demissão alegando falta de condições, mas Elisabete Gonçalves não vê nisso razão para se pôr em causa o funcionamento da unidade, que trabalha agora sob nova direção e com o mesmo número de profissionais que tinha antes. “Na unidade de Oncologia há uma continuidade, há uma nova responsável e uma equipa que se mantém, incluindo o anterior director, com a actividade clínica dele na mesma área, onde faz falta, portanto não há razão para alarme”, disse na reunião.

A diretora clínica reconheceu dificuldades em várias valências: “Obviamente temos dificuldades de recursos humanos em várias áreas do hospital e também no que diz respeito ao tratamento da doença oncológica, como na própria oncologia, na radioterapia, na anatomia patológica, também na urologia”.

Elisabete Gonçalves admitiu também dificuldades na cirurgia, que “não têm tanto a ver com o serviço mas mais a ver com a situação da anestesia, porque precisávamos de mais tempos operatórios”. Contudo, “estes problemas não são novos agora, são problemas com os quais temos vindo a lidar e a tentar ultrapassar da melhor maneira possível”.

O presidente do Conselho Regional do Sul manifestou a sua solidariedade com todos os médicos daquela unidade hospitalar e garantiu à diretora clínica que o propósito do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos é defender a qualidade da Medicina e, nesse sentido, apoiar também os diretores clínicos e os diretores de serviço a desempenharem as suas funções com os melhores resultados para os doentes.

Segundo Elisabete Gonçalves o hospital debate-se também com dificuldades para fazer as escalas de serviço de urgência, face ao regulamento de que a Ordem e o Ministério da Saúde definiram para a presença física de médicos internos nas urgências. De acordo com a diretora clínica, têm sido “introduzidas as novas regras de forma faseada”, mas mesmo “os internos não aceitam a restrição de fazer as 12 horas, são contra de uma maneira geral, dizem mesmo que vão continuar a manifestar essa sua vontade”.

31 de outubro de 2003

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