O secretário de Estado da Saúde estimou hoje que Portugal possa atingir a imunidade de grupo à covid-19 “mais no início do que no final do verão”, caso se mantenha o ritmo de chegada de vacinas e de vacinação.“Eu costumo dizer a frase ‘vacina chegada é vacina dada’ e continuamos a fazer isso. Se as previsões se concretizarem, naquilo que são as vacinas, então, durante o verão, mais para o início do que para o final, chegaremos aos 70% da população adulta vacinada”, disse aos jornalistas Diogo Serras Lopes.O governante presidiu hoje à inauguração do centro de vacinação de Portimão, um dos quatro concelhos do país com a maior taxa de incidência de covid-19 por 100 mil habitantes aquando do início da terceira fase de desconfinamento, em 19 de abril, o que obrigou a que o concelho retrocedesse à primeira fase.Segundo Diogo Serras Lopes, o objetivo do Governo é atingir, durante o verão, a meta da imunidade de grupo (70% da população), embora o Governo “não goste de dar metas muito específicas, dado que já houve surpresas com más notícias sobre a entrega de vacinas”.O governante revelou que o Governo vai reforçar a vacinação nos concelhos que tiveram de recuar à primeira fase de desconfinamento devido ao número de casos registados, “para que a pandemia seja controlada mais rapidamente”.“Uma das coisas que foi feita é que os concelhos que tiveram de recuar na fase de desconfinamento sejam privilegiados em termos de vacinação e possam ter uma percentagem maior de vacinas alocadas. Haverá uma lógica, não só de escalões etários, mas também onde há mais casos, e Portimão é um desses casos”, referiu.O secretário de Estado da Saúde recusou que haja atrasos no processo da vacinação da população algarvia, refutando as acusações de autarcas que protestaram contra o facto de o Algarve ser, alegadamente, uma das regiões com menos população vacinada.Uma das acusações mais contundentes partiu da presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes (PS), que há uma semana referiu que o Governo não estava a assumir a sua responsabilidade no processo de vacinação, reclamando “a priorização no reforço à vacinação no concelho e no Algarve”.“Não existe atraso na vacinação no Algarve, porque o ritmo de vacinação depende do número de vacinas que chegam. O Algarve é uma zona vital para o país em termos de economia”, alegou o secretário de Estado da Saúde.Sobre a abertura do centro de vacinação em Portimão, uma das reivindicações apresentadas por Isilda Gomes ao Governo, o governante considerou que o espaço, instalado no Pavilhão Gimnodesportivo municipal desde 03 de março, “abriu agora para dar resposta à maior capacidade de vacinação”.“Era necessário realizar um maior número de vacinação por dia do que estava a ser feito, e o centro abriu agora com todas as condições”, referiu, sublinhando que se trata de um exemplo “do que é uma boa organização” de um centro de vacinação.Diogo Serras Lopes reconheceu que Portimão “está a fazer um esforço para que possa ter um melhor comportamento possível em termos do número de casos de infeção” por covid-19, daí o centro entrar em funcionamento com uma capacidade para vacinar 100 pessoas por hora.De acordo com os dados avançados no local pelas autoridades de saúde, o centro de vacinação de Portimão registava, até à data, 220 inscrições de pessoas para receberem a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus.Isilda Gomes manifestou à Lusa a sua satisfação pelo facto de o Governo ter acedido a cumprir todas as seis exigências expressas num caderno reivindicativo apresentado pela autarca há uma semana para combater a pandemia no concelho.“Além da abertura do centro de vacinação, temos a garantia de um reforço da vacinação da população, o reforço e maior intervenção das forças de segurança e dos profissionais de saúde para vigilância dos casos de infeções”, apontou.Para Isilda Gomes, o caderno reivindicativo foi entendido e constatado pelo Governo de que as exigências “são justas, fazem sentido, e daí [o Governo] ter acedido no reforço das medidas para combater a propagação da pandemia”.“Foi um dever meu para salvaguardar a segurança da população, porque respondo, não perante o Governo, mas perante as populações que me elegeram”, concluiu a autarca.
Agência Lusa, 26 abril 2021