O Presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos manifestou hoje preocupação com o momento que se vive no serviço de Cirurgia do Hospital Amadora-Sintra, com o regresso de dois médicos que há dois anos denunciaram alegadas situações de má prática dos seus colegas. Paulo Simões teme que o ambiente de tensão leve à demissão de vários especialistas.
A Ordem dos Médicos do Sul promoveu uma visita ao Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), onde se reuniu com a administração e a direção do serviço, perante a possibilidade da saída de onze cirurgiões do hospital devido ao regresso destes dois médicos.
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Paulo Simões, acompanhado pelo tesoureiro, Luís Campos Pinheiro, manifestaram em ambas as reuniões a disponibilidade de contribuírem para uma solução que contorne as dificuldades.
Em declarações à agência Lusa no final da visita, Paulo Simões afirmou que a OM Sul está “muito preocupada” com a demissão dos especialistas, que deram um prazo até ao final deste mês, para dar tempo a uma solução plausível à sua continuação na equipa de Cirurgia do hospital.
Paulo Simões adiantou que a OM tem acompanhado este serviço devido a “uma situação de conflito, na altura, entre o ex-diretor de serviço e uma parte do serviço”.
“Na altura, o conselho de administração conseguiu, e muito bem, arranjar uma solução que, no fundo, foi uma mobilidade dos dois elementos que estavam em conflito com os restantes elementos do serviço, levando-os para outro hospital por acordo entre as partes”, uma solução permitiu que o serviço “tivesse crescido de uma forma muito satisfatória”.
“O atual diretor de serviço conseguiu criar as unidades funcionais que pretendia (…) e tudo estava a correr muito bem, até que há uma informação de que os dois elementos que tinham saído em conflito estavam com intenções de regressar ao serviço”, o que criou “uma situação de grande desconforto” e levou cerca de metade dos cirurgiões do serviço a apresentarem demissão.
Ressalvando que não tem capacidade de gestão nem decisão, Paulo Simões observou que existe “um problema de gestão, provavelmente, com algum âmbito jurídico ou legal, que convinha que fosse acautelado”.
“A minha preocupação é, daqui a uns meses, estar a assistir a uma situação de um serviço sem capacidade de resposta de urgência”, afirmou, alertando ainda para o risco de se pôr em causa a idoneidade formativa do serviço.
Paulo Simões disse que ficou muito preocupado por o conselho de administração lhe ter afirmado “a inevitabilidade de receber estes médicos no serviço”, porque têm contrato de trabalho, e manifestado a intenção de dividir o serviço em dois”, uma solução que considera que não será bem acolhida pelos médicos, nem pelo diretor do serviço, “que entende que pode ser uma solução transitória, mas, obviamente, não é a solução”.
Segundo a administração da Unidade Local de Saúde, houve médicos que apresentaram carta de denúncia de contrato de trabalho, admitindo que a sua eventual saída “levará a uma necessária reorganização das áreas assistenciais”.
Paulo Simões mantém o propósito, sobretudo, de tentar encontrar “uma solução de consenso que parece não existir e que deriva”, segundo o que foi transmitido à Ordem, “de anos e anos de 'bullying' e de assédio moral e profissional que muitos destes médicos sofreram pelo ex-diretor”.
Lembrou, inclusive, que há um processo a decorrer na OM, em conselho de disciplina, que foi colocado por profissionais do serviço contra o ex-diretor, mas que ainda não tem decisão.