Quem foi afinal este médico, que morreu muito novo, aos 38 anos? Há um outro ilustre médico que pode contar-nos tudo sobre ele. Trata-se do filho, António Gentil Martins, também ele atleta olímpico, que foi bastonário da Ordem dos Médicos.
O cirurgião pediátrico escreveu, em 2014, um artigo no Diário de Notícias, sobre a figura pouco conhecida do pai, a quem considera “o atleta português mais completo de todos os tempos". De facto, António Martins, que nasceu em São Miguel do Rio Torto, uma localidade do concelho de Abrantes, praticou várias disciplinas de atletismo, designadamente lançamentos e saltos, mas sustentou boa parte da sua atividade desportiva na ginástica, que praticava no CIF, e no tiro, em modalidades várias em que se distingui particularmente.
António Augusto da Silva Martins foi o primeiro atleta olímpico português a participar em duas modalidades diferentes, tiro (Antuérpia, 1920, e Paris, 1924) e lançamento do disco (Paris, 1924).
Atleta eclético, obteve mais de doze títulos de Campeão de Portugal e dez recordes, em lançamento do peso, do dardo, do disco, do salto em comprimento, do salto em altura e do salto em largura, bem como 28 títulos de Campeão de Portugal e 11 recordes em carabina de precisão, arma livre, arma de guerra, pistola livre, pistola de velocidade, pistola de guerra.
Já em 1928, ano em que o tiro não fez parte dos Jogos Olímpicos, foi 12º classificado no Campeonato do Mundo com espingarda de guerra na posição de pé.
Para além de médico, investigador – destacou-se como cirurgião e trabalhou até com Egas Moniz – e desportista, António Silva Martins foi militar e também artista e tem obras de desenho anatómico de destaque, preservadas no Museu de Anatomia da Faculdade de Medicina de Lisboa.
Pode aceder aqui ao artigo de António Gentil Martins sobre o seu pai publicado no Diário de Notícias.