Quando os testes aumentam a insegurança em vez de a eliminar

Quando os testes aumentam a insegurança em vez de a eliminar

No início do mês de Junho, o Governo decretou que a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) intensificasse as acções de inspecção nos estaleiros de construção civil. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 30 de Maio e 6 de Junho, foram realizadas 14.057 colheitas de amostras biológicas em áreas de actividades específicas e caracterizadas por grande rotatividade de trabalhadores, sobretudo construção civil, cadeias de abastecimento, transportes e distribuição. Destes testes, 4200 terão sido feitos no sector da construção.
Sabe-se que da recolha total de testes, 664 deram positivo, representando uma taxa de 5,3%. Mas, na área da construção civil, o número de casos positivos atingiu os 10% da amostra recolhida. Por ter esta taxa de incidência tão elevada, a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou, a 7 de Junho, que iria fazer uma orientação específica para o sector da construção, de forma a que possa haver respostas “mais consistentes e coerentes”. Mas, confirmou o PÚBLICO, essas orientações ainda não foram transmitidas.
Um trabalhador de uma das empresas que recebeu este raid inspectivo – e que pediu anonimato – contou ao PÚBLICO que só entre os dias 1 e 4 de Junho foram realizados “mais de 800 testes” de despistagem à covid-19. “Os testes foram feitos com tudo certinho, com Segurança Social, INEM, enfermeiros, tudo em condições. O processo foi feito impecavelmente, mas os resultados não”, disse, queixando-se da demora em obter resultados. E isso aporta insegurança a quem está no estaleiro.

Fonte: Público, 29 junho 2020

29 de junho de 2020

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