Ser ou não ser, eis a questão...

Ser ou não ser, eis a questão...

Ser ou não ser, eis a questão...

 

“No Governo, somos todos Centeno”. Frase muito ouvida e usada nos últimos tempos.

Depois da imposição da tutela das Finanças sobre os hospitais (com um administrador nomeado pelo “sócio financeiro”), da criação da «Estrutura de Missão para a Sustentabilidade do Programa Orçamental da Saúde» e dos atrasos, cancelamentos, cativações e outros expedientes que bloqueiam o funcionamento dos hospitais e centros de saúde, tornou-se claro para a sociedade aquilo que nós já sabíamos: O ministro da Saúde não manda. Quando muito entretém...

Desmistificando as douradas explicações, o crescimento da despesa do SNS tem aumentado, mas a um ritmo inferior ao crescimento do PIB (1,3% contra 3,6%), o que faz com que no 1º trimestre de 2018 a percentagem do PIB para o SNS tenha atingido o valor mais baixo de sempre: 4,85% (fonte: Direção Geral do Orçamento).

 

 

Execução Financeira Consolidada do SNS

Ano

2014

2015

2016

2017 P

2018 OE

PIB Nominal M€

173.079

179.540

185.035

192.313

199.237

% despesa SNS/PIB

5,13%

5,03%

5,00%

4,96%

4,85%

Crescimento nominal PIB

 

3,7%

3,1%

3,9%

3,6%

Crescimento despesa SNS

 

1,7%

2,4%

3,2%

1,3%

 








fonte: DGO, síntese de execução orçamental – fevereiro 2018

P= Previsto                  OE= Orçamento executado

 

 

Sem reforço orçamental não pode haver mais e melhores equipamentos e os profissionais que faltam no SNS.

Sem verbas para promover políticas que recompensem o mérito e o esforço não haverá capacidade de diferenciar médicos nem de os reter onde são precisos.

Sem autonomia e descentralização da gestão não haverá “Medicina baseada na evidência” ou melhoria dos indicadores clínicos.

Sem dinheiro nem sobrarão os palhaços...

Sem bom senso a Medicina perderá eficiência e inovação e a Saúde dos portugueses afasta-se da Europa para a qual fomos um exemplo.

 

Não podemos ser Centeno, nem Adalberto. Temos que ser médicos, manter o tom e a elevação da nossa voz face à transferência de poderes e competências para outras profissões, menos desenvolvidas e mais baratas.

Não podemos admitir mais “Joãozinhos”, “mais gatos por lebres” e outros atentados à Saúde dos portugueses e à dignidade dos profissionais. Se a cada reportagem ou denúncia corresponder uma resposta que inclua uma solução, devemos reportar às entidades competentes e à Ordem os constrangimentos que afetam a nossa normal atividade. Compactuar é igual a negligência e pode constituir um ilícito disciplinar ou criminal.

 

Ser Médico (ou não ser...) não é uma opção. É um dever. Manter os valores que jurámos e não desistir.

Na Medicina, somos todos Médicos...

 

Alexandre Valentim Lourenço 

Presidente do Conselho Regional do Sul



20 de abril de 2018

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