Situação cada vez pior no Hospital de Setúbal

Situação cada vez pior no Hospital de Setúbal

O Centro Hospitalar de Setúbal vive uma situação limite, que se arrasta há anos e que tem piorado. Numa reunião com mais de 60 médicos do hospital presentes, com o Bastonário da Ordem dos Médicos, o presidente do Conselho Regional do Sul e o presidente do Conselho Sub-regional de Setúbal, estes foram unânimes em considerar que a situação se agrava a cada dia.

A delegação da Ordem que visitou o Hospital de S. Bernardo no dia 20 de setembro, quando se reuniu com os médicos no salão de sessões, no final de uma visita à urgência, serviço que, mesmo em fase em que a covid está em números baixos e a época de gripe não começou, tinha mais de 40 marquesas com doentes no corredor. Isto porque, falta espaço para corresponder às necessidades e faltam cada vez mais médicos de várias especialidades, sobretudo das que garantem o funcionamento da urgência.
Na reunião, o presidente do Conselho Regional do Sul, depois de várias intervenções a relatar os factos preocupantes da falta de resposta, perguntou aos médicos presentes quem é que achava que a situação é pior agora do que há dois anos. A resposta foi avassaladora, com a esmagadora maioria deles a levantar o braço.
De facto, foram inúmeras as intervenções a sublinhar a falta de espaço e sobretudo a falta de capacidade de atrair novos médicos e, sobretudo de fixar os que se vão desligando do hospital, sobretudo para trabalharem no privado.
O próprio diretor clínico do hospital, presente na reunião, admitiu que "o êxodo dos médicos é crescente" e que os hospital "está numa situação de pré-rotura.
O bastonário, que corroborou a ideia de que a situação está cada vez pior, apontou vários fatores que contribuem para isso. Designadamente "a forma como são feitos os concursos", mas também o facto de os especialistas saberem que neste hospital terão que fazer muito mais horas extraordinárias do que nouta unidade.
Um dos serviços em que a falta de condições é mais contestada é o de Ginecologia-Obstetrícia. Os especialistas escreveram recentemente uma carta ao diretor clínico em que apoiam o diretor do serviço, Pinto de Almeida, e traçam um quadro geral do défice de recursos. "O serviço tem apenas 10 médicos especialistas, dois dos quais com um horário de 35 horas e um com 28 horas". Na carta referem ainda que "destes 10 médicos apenas três (dois com horário de 40 horas) têm menos de 55 anos".
Esta situação, embora das mais graves, que tem levado muitas vezes o hospital a suspender a urgência obstétrica, é semelhante à de outros dos serviços do hospital de S. Bernardo.
A Ordem dos Médicos tem dado particular atenção ao caso deste hospital, mas a verdade é que, sucessivamente, as promessas de resolução de alguns destes problemas têm falhado, quer do lado da administração, quer do lado da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e do Governo.

20 de setembro de 2021

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